Mãe ou inimiga?

Carlos Henrique Carlos Henrique -

Hoje tive a infelicidade de presenciar uma das muitas brigas que já venho presenciando há mais ou menos uns quatro anos.

Um jovem rapaz menor de idade que também já assistiu várias e várias brigas e absurdas discussões entre seus pais que hoje são separados está trilhando um caminho que se permanecer nele o levará à perdição.
Depois de algum tempo percebi que se a família chegou nesse nível de esfacelamento, uma boa parcela se deve à mãe que em todas as ocasiões se torna um ser bestial e animalesco, pois todas as vezes a vi e ouvi vociferando e lançando insultos enlouquecidamente a seu filho. São tantos abusos verbais, que o tornam refém dentro de sua própria casa.

Hoje foi basicamente isso: “Seu vagabundo! Seu maconheiro desgraçado! Você é um problema pra mim! Seu desgraçado, você tem que ir logo é pro inferno! Some da minha casa! Sai daqui!…. (isso aos berros). O rapaz chorando disse: Eu tenho que ir logo pro inferno mesmo, porque é isso que a senhora quer! Ela mais que depressa concordou: Isso mesmo! Vai pro inferno, lá que é seu lugar, desgraçado!” – isso e muitos outros absurdos ela berrou.

Deu-me um aperto tão grande no coração, fiquei a pensar como uma mãe se torna facilmente a pior inimiga de seu filho. Uma mãe que sabe onde errou, tem consciência que se seu filho está onde está ela contribuiu efetivamente para isso, concorda que as atitudes e passos errados que tomou teve impacto drástico no emocional e psicológico desse garoto que hoje encontra alento se dopando. Filhos não podem em momento algum se tornarem objeto de alienação ou chantagem emocional entre os pais, isso os arrebenta para nunca mais se solidificarem.

Uma mãe que rejeita, que é violenta, ignorante, dominadora, dissimulada e omissa, acaba entregando seus filhos nas mãos do mundo para fazer com ele o que bem entender.

O pior de tudo é que tal pessoa adora campanhas e campanhas na igreja, sai com a bíblia debaixo do braço pra passar vergonha naqueles que realmente são dedicados e fiéis ao Evangelho. Não deveria ela ser uma abençoadora? De seus lábios não deveria fluir palavras de incentivo e bálsamo para uma alma que já está tão devastada, mesmo no momento em que ela precisasse ser firme e chamá-lo à realidade lhe dando uma bronca? Como alguém que não tem postura sequer de gente quer um filho responsável se ele não tem condições psicológicas de suportá-la? Uma mãe que sabe que tipo de mãe deve ser e que ignora esse fato, ela própria é um abismo para seus filhos.

Provérbios diz que a mulher sábia edifica, mas a tola derruba. A mulher sábia teme ao Senhor e ensina o filho o caminho que deve andar. A mulher sábia transmite carinho a despeito das circunstâncias contrárias ou daquilo que ela e o marido têm vivido. A mulher e mãe sábia sabe dizer sim e não.  A mulher sábia não é perfeccionista, pois também é falha. A mulher e mãe sábia forma um adulto confiante, seguro e pronto para dar passos largos ao longo da vida – não destrói a autoestima de seu filho, não o coloca no patamar de demônios e dejetos humanos.

A mulher e mãe sábia têm joelhos dobrados no chão com coração quebrantado e contrito perante Deus em oração por seus filhos, vivencia uma fé genuína e não fingida. A mãe primeiro é, e o que ela é acaba sendo demonstrado de forma firme e singela e depois ela ensina, imprimindo no coração de seus filhos Jesus. O sacrifício é imenso e impagável, sofrido, muitas vezes regada de lágrimas e noites a fio em claro, mas o prêmio e o resultado na vida de nossos filhos são incomparáveis.

“Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti. (2 Tm 1:5)” A fé genuína que Timóteo viveu, primeiro habitou em sua mãe.

Que o tremor e temor do Senhor invadam nossos corações, para que em tempo algum possamos tripudiar o coração de nossos filhos, rejeitá-los e condená-los ao sofrimento eterno. Pelo contrário, que sejamos verdadeiramente mães que alcançam o coração de nossos frutos com amor verdadeiro, ao tempo de fazê-los sentirem-se amados e cuidados, sempre zelosas do nosso chamado que é tão carregado de responsabilidade: ser mãe!

Deniza L. Zucchetti é escritora nas horas vagas e mãe em período integral.

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