‘Saneago precisa entender que não há mais tempo para esperar’, diz Roberto Naves

Prefeito já criou comissão para estudar a viabilidade da municipalização dos serviços de água e esgoto na cidade

Danilo Boaventura Danilo Boaventura -

No final da noite da última sexta-feira (06) o decreto do prefeito Roberto Naves (PTB), publicado no Diário Oficial do Município, surpreendia quem já dava como enterrada a possibilidade da municipalização do serviço de água e esgoto na cidade.

“Não mudei minha forma de pensar [sobre a municipalização]. Nós precisamos resolver o problema da água”, disse em entrevista ao Portal 6, na tarde desta segunda-feira (09).

Há um ano, em pleno segundo turno da eleição vencida pelo petebista, esse tema foi um dos mais centrais na decisão do voto anapolino. Roberto tinha uma proposta considerada pelo governo petista como aventura: dividir os serviços de água e esgoto, passar à iniciativa privada o segundo e construir um reservatório amplo para o abastecimento dos próximos 50 anos.

Ao tomar posse, o novo prefeito foi direto no primeiro diálogo que teve com Marconi Perillo (PSDB). “Governador, nós queremos resolver a questão da água”, disse. A resposta do tucano se deu no compromisso de obrigar a Saneago a fazer os investimentos necessários na cidade. Meses depois, a companhia estatal apresentava a Roberto um cronograma de ações de curto, médio e longo prazo. De imediato, seriam iniciados a transposição do Rio Capivari para o Ribeirão Piancó, que abastece 80% de Anápolis, e a escavação de poços artesianos em regiões altas.

Processo iniciado em meados de junho, há algumas semanas a transposição empacou com 95% da obra concluída. O reflexo foi o já repetido há quase duas décadas: vários bairros com abastecimento irregular.

A atitude de Roberto em criar essa comissão para analisar a viabilidade da municipalização servirá, como ressaltou na entrevista a seguir, para instruir a decisão final dele no ano que vem.

Nós já estamos no ano de 2018 praticamente. É um processo longo. Vamos primeiro fazer um estudo para ver qual a viabilidade. Se for a municipalização [vamos] preparar toda a infraestrutura da Prefeitura, toda a unidade organizacional da Prefeitura para que a gente possa trazer todo esse serviço para dentro da Prefeitura.

Caso o resultado desse estudo seja de que a gente deva manter a terceirização, nós temos que preparar todo um termo técnico, divulgar edital, promover um novo processo licitatório para água e esgoto na nossa cidade. Então, nós estamos ‘startando’ (começando) a discussão para que a gente possa fazer com o tempo, fazer com calma e buscarmos a melhor solução para nossa cidade.

Portal 6 – O senhor criou uma comissão para estudar a viabilidade da municipalização do serviço de água com que intuito?

Roberto Naves – Nosso lema é trabalhar com ‘Planejamento e Ação’. Temos um contrato [com a Saneago] feito em 1973. Vinte e cinco anos depois, em 1998, ele foi renovado. Existe questionamentos no que diz respeito a legalidade dessa renovação, mas o fato é que foi renovado e a gente precisa preparar a cidade para que num futuro próximo tomemos a decisão que há de ser tomada. Essa decisão tem de obedecer a parte legal, que é a parte da Lei 8666. Ou nós municipalizamos a água ou nós temos que licitar o serviço de água.

Entendemos que a Saneago tem se esforçado para melhorar o seu serviço e entendemos também que todo esse esforço ainda não é satisfatório. Quem faz essa análise não sou eu, é uma análise feita pela população anapolina. Então, nós vamos começar os estudos para sabermos qual a real situação, a viabilidade da municipalização, a possibilidade de um novo processo licitatório. Porque de um jeito ou de outro, se tudo caminhar muitíssimo bem, em 2023 nós já temos que ter uma nova empresa, porque encerra o contrato que hoje está com a Saneago.

Nós já estamos no ano de 2018 praticamente. É um processo longo. Vamos primeiro fazer um estudo para ver qual a viabilidade. Se for a municipalização [vamos] preparar toda a infraestrutura da Prefeitura, toda a unidade organizacional da Prefeitura para que a gente possa trazer todo esse serviço para dentro da Prefeitura.

Caso o resultado desse estudo seja de que a gente deva manter a terceirização, nós temos que preparar todo um termo técnico, divulgar edital, promover um novo processo licitatório para água e esgoto na nossa cidade. Então, nós estamos ‘startando’ a discussão para que a gente possa fazer com o tempo, fazer com calma e buscarmos a melhor solução para nossa cidade.

Portal 6 – Os compromissos a curto prazo assumidos pela Saneago com a Prefeitura de Anápolis foram cumpridos ou aconteceu algum problema pelo caminho?

Roberto Naves – A gente nota que a Saneago está tentando cumprir os compromissos. A primeira parte seria a transposição do Capivari para o Piancó. E 95% [dessa obra] foi concluído. Mas a Saneago precisa entender que a população anapolina não tem mais tempo para poder aguardá-la. Eu gostaria aqui deixar claro, principalmente, no que diz respeito à direção da Saneago, em Goiânia, que precisa recuperar o tempo perdido. E isso não é o prefeito Roberto que acha isso. É a população que anapolina que já não tem paciência. Vocês, por exemplo, que são do meio de comunicação, vocês sentem isso no dia a dia, vocês sentem isso na rua e eu gostaria de mais uma vez afirmar para toda a população que eu não mudei minha forma de pensar. Nós precisamos resolver o problema da água na cidade de Anápolis.

Evoluímos em dez meses muito mais do que se foi feito nos últimos dez anos, que foi ter conseguido já fazer a transposição do Capivari para o Piancó. Mas nós não podemos nos dar por satisfeitos, por resolver o problema dos próximos oito anos. Nós temos que realmente nos preocupar em fazer a preservação ambiental dos mananciais, em fazer toda a infraestrutura necessária, para que a gente possa ter uma cidade com uma qualidade de vida – e essa qualidade de vida depende da oferta de água para os próximos 50 anos.

A comissão que fará esse estudo inicia os trabalhos já nessa semana?

Roberto Naves – Na próxima semana os integrantes já devem ter a primeira reunião e aí eles vão estabelecer [um cronograma de trabalho]. Você dever ter observado que eu procurei pessoas nas áreas ambientais, na área de infraestrutura, na área de planejamento, na área econômica justamente para poder calcular tudo, para poder realmente planejar tudo. Cada um em sua área. Eles vão trazer a viabilidade e nós vamos sentando, fazendo essa reunião. Quando tiver os estudos prontos, também, com certeza, teremos a participação política e a participação popular nesta discussão. É uma situação onde a gente requer muito respeito à população anapolina. [Porque é] uma situação muito delicada. Então, portanto, a gente já deu o start.

É importante esse start. Pressiona ainda mais a Saneago e a gente também mostra que trabalha com planejamento e antecipa os seus problemas.

Portal 6 – A Saneago já deu algum retorno para o senhor sobre a essa decisão?

Roberto Naves – Não. Isso é uma medida administrativa. Eu não tenho que discutir isso com a Saneago não. Eu discuto isso é com a população anapolina. Com a Saneago, não. A Saneago tem na verdade é que cumprir com todos os compromissos que ela tem fez com a Prefeitura Municipal de Anápolis e com a cidade de Anápolis.

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