Menores podem estar com revólver calibre 38 dentro do Case de Anápolis

Agentes socioeducativos sequer podem usar cassetetes no local. Revista recente comandada pelo MP e Polícia Civil encontrou, entre vários objetos cortantes, uma faca de quase 50cm

Danilo Boaventura Danilo Boaventura -

Um bilhete encontrado recentemente dentro do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Anápolis mostra a negociação entre dois menores por uma arma de fogo, que supostamente estaria em posse de um deles.

“Em você quer 2.500 no 38 tá vai 2.000 agora e 500 depois de (sic)”, diz o bilhete com caligrafia pouco desenvolvida a qual o Portal 6 teve acesso ao registro nesta segunda-feira (23).

Menos de 60 dias se passaram desde que uma decisão judicial desastrada determinou a transferência dos adolescentes infratores da área do 4º Batalhão da Polícia Militar,  no Jardim Gonçalves, para o novo Case, instalado próximo ao trevo do DAIA, na região Sul da cidade.

O curto tempo, porém, foi suficiente para que vários alojamentos fossem destruídos pelos adolescentes. Grades e janelas arrancadas viraram chuchos nas mãos dos menores. Os postes entortados por eles durante os banhos de Sol facilitaram a fuga de 12 dos 46 internos. Apenas sete foram recapturados pela Polícia.

Diversos alojamentos do Case Anápolis já estão destruídos. (Foto: Portal 6)

Rebelião

A panela de pressão que se tornou o novo Case já está prestes a estourar. No último domingo (22), um princípio de rebelião causou pânico nos servidores que estavam na unidade.

“Estávamos com apenas seis funcionários. Passamos por momentos de pânico. Muito medo. Tivemos que ligar no 190. Só foi contornado a situação quando a CPE chegou. Vários internos saindo pelas janelas dos alojamentos. Sofremos muitas ameaças de morte”, contou um servidor à reportagem do Portal 6.

Durante o dia apenas sete agentes socioeducativos trabalham no Case de Anápolis. À noite, o quadro de servidores para garantir a ordem é reduzido para apenas quatro.

Armas, doces e drogas

Na última quarta-feira (18), uma revista feita pelos servidores encontrou quatro celulares, carregadores e porções de maconha, além de doces que não são servidos na alimentação. Como esses objetos entram na unidade ainda é um mistério.

Dois dias depois outra varredura foi feita. Desta vez, com a presença do Ministério Público e da Polícia Civil, mais celulares foram achados, além de vários materiais cortantes e uma faca de quase 50 cm.

Varredura encontrou de arma branca a doces e drogas com os internos. (Foto: Portal 6)

O ambiente, já tenso por conta da inseguridade (os agentes sequer tem cassetetes), pode ficar ainda pior. É que os menores, ali internados para ressocialização, não têm aulas regulares. Faltam carteiras, mesas e até mesmo lousa para os professores. Internet para enviar os relatórios diários do que acontece na unidade também não existe. Os agentes precisam rotear conexão 3G para fazer o serviço.

Na semana passada a diretora geral do Grupo Executivo de Apoio a Crianças e Adolescentes (GECRIA) Luzia Dora esteve no Case Anápolis. Colocada a par de toda a situação, a gestora foi pragmática.

“Ela falou que não podia fazer nada. Que é assim mesmo”, relatou um servidor da unidade. Antes de voltar à Goiânia, Luzia, porém, reclamou de um detalhe: achou que a grama estava muito seca.

Silêncio

O Portal 6 aguarda há vários dias o retorno da assessoria de comunicação da Secretaria Cidadã, pasta responsável pelo sistema socioeducativo e, consequentemente, pelo Case de Anápolis. Por seguidas a reportagem cobrou posicionamento, porém, até o momento da publicação, não obteve nenhuma resposta.

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