Aos 63 anos, idoso supera dificuldades e começa fazer faculdade em Anápolis

"Muita gente fala que eu sou doido, mas esse é meu sonho", afirma ele, que diariamente precisa andar quase 1 km para conseguir pegar ônibus

Rafaella Soares Rafaella Soares -

Para a maioria das pessoas os sonhos têm data de validade e não podem ser realizados depois de determinado momento da vida. No entanto, há sempre os persistentes que lutam até alcançar o tão esperado objetivo.

Esse é o caso de Francisco Borges de Santana, de 63 anos, que todos os dias aguarda com ansiedade o relógio marcar 17h40 para sair de casa, pegar um ônibus e seguir para a faculdade.

Ele está no primeiro período de Direito, na Anhanguera Anápolis, e desde que era criança tinha o sonho de se formar. Porém, as circunstâncias fizeram com que abandonasse a escola ainda no ensino fundamental.

“Eu larguei os estudos em 1972 e voltei para sala de aula há cerca de nove anos. Fiz o EJA, passei os últimos quatro anos fazendo ENEM e consegui uma bolsa pelo ProUni. Eu tenho um pouco de dificuldade de mexer no celular e no portal do aluno, mas meus colegas me ajudam a entender”, disse ao Portal 6.

Francisco passou cinco anos trabalhando em uma empresa de transportes, mas teve de deixar o cargo e hoje passa os dias procurando por “bicos” para conseguir uma renda extra. Ele não conseguiu se aposentar e conta com o auxílio dos filhos.

Morando atualmente no setor Chácaras Daiane, o idoso também precisa andar quase 1km diariamente para chegar até o ponto de ônibus.

“Não perco aula. Só faltei um dia nessa semana porque estava chovendo forte e eu ia me molhar muito até chegar na faculdade. Vou ser o primeiro da família a ter um diploma. Tenho quatro filhos biológicos e dois adotados, além de netos e quatro bisnetos. Meus filhos trabalham com eucalipto na roça e ainda me ajudam”, contou.

Apesar das dificuldades, ele afirma que todo o esforço valeu a pena. Mesmo enfrentando tantas dificuldades, nunca pensou em desistir e agora só pensa em aprender bem os conteúdos e chegar ao fim do curso.

“Hoje o estudo é a unica coisa que o ser humano tem que almejar, não importa a idade. Muita gente fala que eu sou doido, mas esse é meu sonho e, agora que consegui, não posso deixar escapar. A gente nasce, cresce e pode morrer a qualquer hora, então o momento de estudar é agora. Tem muita gente que tem condições e não aproveita, mas agora eu tenho professores bons, colegas que ajudam muito e não tenho nada o que reclamar”.

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