Família de brasileiro preso na Tailândia teme que ele seja condenado à morte se não pagar dívida

Surto do mergulhador pode ter sido desembocado pela pandemia e trauma em assalto no país asiático

Gabriella Licia Gabriella Licia -

Familiares de João Vinicius de Souza Moraes, de 33 anos, estão vivenciando uma difícil corrida contra o tempo, na tentativa de salvar a vida dele. Preso em país estrangeiro, João corre risco de pegar pena de morte.

A angústia do salva-vidas, nascido no Rio de Janeiro, começou antes da pandemia, quando ele decidiu viajar até a Tailândia para realizar um curso de mergulhador, na cidade de Bangkok.

O que João não esperava é que surgiria uma crise sanitária global e que, além dos estudos serem paralisados, os aeroportos também seriam fechados.

Sem saber se comunicar na língua nativa do país, ele precisou se manter em isolamento social no mesmo hotel que se hospedou no início da viagem.

A tia do homem, Nilzeli de Deus Moraes, de 54 anos, em entrevista ao Metrópoles, informou que o sobrinho tinha intenção de permanecer na cidade até a conclusão do curso, já que a última prova, marcada para o fim do isolamento, seria presencial.

Primeira prisão

Enquanto permanecia em quarentena no quarto do hotel, João decidiu almoçar em um local bem próximo e saiu sem a máscara de proteção facial.

Policiais da região o viram e o prenderam. Ele ficou detido por cerca de 20 horas e só foi liberado após a tia Nilzeli pagar a fiança.

Uma semana depois, o salva-vidas teve todos os documentados furtados. Os criminosos levaram tudo, exceto o passaporte, que havia ficado no quarto.

A tia afirma que, com os dois incidentes, o sobrinho acabou desenvolvendo um quadro depressivo, com várias crises e humor instável.

“O João Vinicius começou a surtar, falava que estava sendo perseguido na Tailândia e que precisava ir embora o mais rápido possível. Ele tinha uma reserva em dinheiro, mas não era suficiente para comprar uma passagem e sair de lá. Dizia que queriam matá-lo”, explica Nilzeli.

Crises fortes

Em um dos surtos, João, completamente desnorteado, dirigiu até o Aeroporto de Bangkok decidido a sair de Tailândia.

Ele estava extremamente agitado e com pouco dinheiro. Por isso, acabou chamando muita atenção e se envolveu em uma nova confusão.

O brasileiro precisou ser contido e os policiais o encaminharam para a delegacia local. Lá, ele conseguiu ligar para a tia, implorando que entrasse em contato com o consulado, pois queriam matá-lo.

“Solicitei ajuda do consulado, que disse que já sabia da situação e que eu precisaria emitir uma autorização para interná-lo, caso fosse preciso”, contou Nilzeli.

Liberado, João desapareceu e só foi encontrado três dias depois, em Chiang Mai (cidade que fica a 683 km de distância do hotel em que estava instalado).

A polícia, após localizá-lo, o prendeu novamente. Desta vez, porém, a decisão dos agentes foi de encaminhar o homem a um espaço psiquiátrico.

A tia relata que os profissionais teriam o acertado na cabeça com uma barra de ferro. Nesse momento, tentando se defender, o salva-vidas ateou fogo em um papel.

João passou 45 dias no hospital recebendo um tratamento de choque. Depois foi submetido a medicamentos para controlar as crises.

Agora, porém, foi sentenciado a pagar R$ 550 mil por multa indenizatória, acusado de tentar incendiar um prédio governamental. Com alguns recursos, o valor foi abaixado para R$ 220 mil.

A família está buscando formas de conseguir este dinheiro e até criaram uma vakinha online para arrecadar parte do valor.

A tia confessa que colocou até a própria casa à venda, pois a única coisa que deseja é que o sobrinho seja liberado.

Pena de morte

A situação do salva-vidas é crítica. Isso porque a família precisa pagar o valor multa até a próxima audiência, que está marcada para dia 15 de março de 2021.

Caso a quantia não seja quitada, a punição de João pode ser agravada e convertida em pena de morte.

Mesmo com todo o drama, até esta quarta-feira (16), a vakinha online para o homem conseguiu arrecadar apenas pouco mais de R$ 4.200 reais.

 

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