Novos advogados da mãe do menino Henry dizem que a partir de agora ela falará a verdade

"A senhora Monique precisa ser ouvida", afirmou um dos advogados

Folhapress Folhapress -
(Foto: Folhapress)

Júlia Barbon, do RJ – Os novos advogados da mãe do menino Henry Borel, morto aos 4 anos, afirmaram que “chegou a hora de a Monique [Medeiros] falar” e indicaram que sua prisão representou “uma libertação da opressão e do medo”, sem explicar ao que se referiam.

Os defensores não deram detalhes do que ela pretende dizer. Eles foram à 16ª delegacia (na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro) nesta quarta (14) para ter acesso ao conteúdo das investigações e pedir que ela preste depoimento novamente.

“Chegou o momento de a Monique falar de maneira isenta. O que nós entendemos é que nesse momento ninguém pode falar em nome da Monique, a Monique precisa falar. A estratégia é única e exclusivamente uma: que a Monique diga a verdade”, declarou o advogado Hugo Novais.

Em frente a uma aglomeração de jornalistas na porta da unidade, sua colega Thaise Mattar Assad completou: “Por incrível que pareça, a situação é tão trágica que a prisão da Monique representa a sua libertação contra a opressão e o medo, então deixem a Monique falar. A defesa da Monique chegou, e o momento será de ouvir a Monique”.

Thiago Minagé é o terceiro advogado que compõe a equipe. Ele elogiou o trabalho da polícia, disse que são muitos documentos que ainda precisam ser analisados e repetiu que “a senhora Monique precisa ser ouvida, a senhora Monique precisa ter voz”.

Antes, a professora estava sendo representada por André França Barreto, o mesmo advogado do vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho. Mas na segunda-feira (12) foi anunciada a contratação de outra equipe.

Ainda são aguardados novos depoimentos no caso. A faxineira que trabalhava na casa do casal, Leila Rosângela Mattos, 57, chegou por volta das 14h na delegacia, completamente coberta por um casaco.

Cerca de duas horas depois, entrou a irmã de Jairinho, Thalita Fernandes, também coberta. Os avós maternos do menino são outros que devem ser ouvidos novamente após informações terem sido extraídas dos celulares dos envolvidos, que indicam que as famílias sabiam das agressões.

Monique havia prestado um primeiro depoimento na condição de testemunha em 17 de março, nove dias após a morte de Henry, após o qual deixou a delegacia de mãos dadas com o namorado.

Na ocasião, ela disse à polícia que estava assistindo a uma série com Jairinho em outro quarto e despertou de madrugada com a TV ligada. Acordou o vereador, que havia tomado remédios para dormir, e foi até o quarto onde Henry estava dormindo.

Chegando lá, conta que viu o menino caído no chão, com os olhos revirados, as mãos e pés gelados e sem respirar. Ela também não citou nenhum episódio prévio de violência do namorado contra o filho, o que foi indicado em mensagens entre ela a babá de Henry, Thayná Ferreira, 25, encontradas em seu celular.

Em novo depoimento prestado nesta segunda-feira à polícia, a funcionária admitiu que mentiu em seu primeiro relato, dado em 24 de março. Ela afirmou que presenciou três ocasiões em que a criança foi levada ao quarto do casal por Jairinho e depois saiu machucada.

A funcionária contou que foi induzida a apagar suas mensagens e a mentir por Monique, pelo então advogado do casal e pela irmã do vereador. Ela disse que concordou em sustentar a falsa versão por medo, por ter visto o que o político havia feito contra uma criança.

Thayná relatou ainda que seu noivo, seu tio, sua tia e sua mãe trabalham para a família ou arranjaram empregos na Prefeitura do Rio de Janeiro na gestão de Marcelo Crivella (Republicanos) por intermédio do vereador, que foi líder do ex-prefeito na Câmara Municipal.

Outras mensagens extraídas do celular de Monique recentemente indicaram procuras por aulas de inglês e de culinária horas depois do enterro de Henry. Às 19h24 do dia 10 de março, cerca de três horas após o sepultamento, uma escola de inglês enviou uma oferta para o telefone.

“Olá, boa noite! Ainda dá tempo de voltar a estudar na [nome da escola]. Faça matrícula essa semana (até 12/03) e ganhe desconto de 40% para o curso todo”, diz o recado. “Presencial?”, o número de Monique pergunta segundos depois, e a funcionária responde com mais dados sobre as aulas.

Em outra conversa encontrada no dia seguinte, às 13h18 de 11 de março, há a busca por um curso de culinária. “Lorena, boa tarde. Sou Monique Medeiros, tenho interesse em fazer aula prática com você. Como faço para entrar na lista de espera? Um grande beijo em seu coração”, diz mensagem enviada do celular.

Essa conversa ocorreu no mesmo dia em que, segundo a polícia, Monique foi a um cabeleireiro num shopping na Barra da Tijuca para arrumar o cabelo e as unhas.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.