Campanha de Bolsonaro quer marqueteiro do PL para TV e Carlos com redes sociais

Filho 02 do presidente já esteve a frente das plataformas online em 2018, ano em que Bolsonaro foi eleito

Folhapress Folhapress -
Redes sociais foram importantes na vitória de 2018. (Foto: Folhapress)

Com a certeza de que será necessário se profissionalizar neste ano, o núcleo de campanha de Jair Bolsonaro (PL) quer Duda Lima, marqueteiro do PL, para atuar na reeleição do presidente.

Discreto, Lima trabalha há mais de uma década com Valdemar Costa Neto, tem a confiança do dirigente e já se encontrou recentemente com Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Ainda não houve proposta ou convite formal ao publicitário, mas já ocorreram conversas preliminares.

Como já é certo que ele faria a comunicação do partido neste ano, segundo relatos, Lima disse a Valdemar que não é possível acumular os dois: campanha presidencial e a do partido, incluindo governadores e senadores.

O volume de trabalho seria excessivo e o resultado não teria como ser satisfatório, de acordo com o que o publicitário disse.

O dirigente do PL teria de abrir mão do seu marqueteiro no partido ou encontrar um novo para a reeleição do presidente. Entretanto o entorno de Bolsonaro já trata Lima como o escolhido para comandar a campanha.

Lima já trabalhou para as campanhas a deputado federal de Tiririca. Em 2016, foi o marqueteiro de Celso Russomanno na disputa pela Prefeitura de São Paulo.

Ainda que não esteja confirmada a contratação, o papel do marqueteiro será de fazer campanhas para TV e outros meios, com exceção de redes sociais.

É certo, entre aliados de Bolsonaro, que caberá ao vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos) o papel de tocar as mídias digitais da campanha.

O filho 02 do presidente já teve esse papel na eleição de 2018, considerado não apenas bem-sucedida pelo entorno de Bolsonaro, mas crucial para a vitória.

Envolvidos nesse processo avaliam que essa divisão no comando da comunicação não seria um problema, uma vez que Carlos conseguiu engajar e fidelizar eleitores, de forma orgânica, sem precedentes.

Tirá-lo poderia significar uma queda no desempenho de Bolsonaro na sua principal arena. Além disso, trata-se de produtos diferentes para públicos diferentes.

Pesquisas de intenção de voto mostram o mandatário em segundo lugar, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). ​

Como o jornal Folha de S.Paulo mostrou em janeiro, Bolsonaro esteve à frente de seus adversários eleitorais em termos de popularidade digital na maior parte de 2021.

Apenas no final do ano o petista conseguiu ultrapassá-lo no IPD (Índice de Popularidade Digital), medido pela consultoria Quaest, o que confirma a capacidade e expertise do bolsonarismo de engajar na internet.

A título de comparação, também, Bolsonaro tem 7,2 milhões de seguidores no Twitter, enquanto Lula tem 3 milhões, e Sergio Moro (Podemos), 3,3 milhões.

Bolsonaro, que vinha se atendo a divulgar atos do governo, voltou a falar de polêmicas nas últimas semanas, em um movimento visto por interlocutores como forma de engajar a militância, e com as “digitais” de Carlos.

No último dia 7, o presidente publicou um vídeo sobre a entrada de manifestantes antirracistas em uma igreja católica em Curitiba. O ato foi liderado por um vereador petista.

Também chegou a tuitar em inglês uma mensagem de apoio ao podcaster americano envolvido em uma polêmica com Spotify e Neil Young.

Joe Rogan divulgou dados falsos sobre a vacinação contra a Covid-19 em seu programa de entrevistas na plataforma.

Bolsonaro também se posicionou sobre as discussões de nazimo nesta semana, em que um podcaster do Flow, Bruno Aiub, mais conhecido como Monark, defendeu a existência de um partido nazista.

Depois, o comentarista político da Jovem Pan, Adrilles Jorge, fez um gesto ao vivo de levantar a mão que foi interpretado como nazista, o que ele nega. Jorge comentava o caso de Monark no programa. Os dois foram desligados.

O chefe do Executivo repudiou “de forma irrestrita e permanente, sem ressalvas” o nazismo, sem mencionar os casos específicos, e fez uma equiparação com o comunismo.

Confirmada a contratação de um marqueteiro, o gesto marca uma mudança de posicionamento de Bolsonaro, que sempre teve um discurso político de fazer a sua própria comunicação com as redes sociais.

No final do ano passado, ele chegou a dizer que não contrataria ninguém para o cargo. Aliados dizem que ele gosta de ter tanto controle sobre comunicação que até brincam que o marqueteiro se chamará “Jair Messias Bolsonaro”.

Buscando contornar essa postura, interlocutores passaram a tratar como uma opção, para manter o discurso público do presidente, conseguir um marqueteiro para o partido, mas que também fizesse a campanha para o presidente.

Desde quando o núcleo de campanha se reuniu no início do ano e decidiu procurar um profissional, o nome de Lima passou a circular. O marqueteiro conheceu Bolsonaro no evento de filiação ao PL.

Integram o chamado núcleo de campanha o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), e o filho 01 do mandatário, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Eventualmente, outros ministros se envolvem nas discussões, como Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral) e Fábio Faria (Comunicações).

Esse entorno mais próximo de Bolsonaro sabe que, para disputar uma campanha com um partido estruturado e experiente como o PT, não basta dominar as redes sociais. Profissionalizar a campanha é essencial para ampliar o voto, uma vez que o petista lidera as pesquisas.

Em janeiro, o presidente chegou a se reunir com outro publicitário cotado para o cargo, Paulo Moura. O encontro foi intermediado pelo ministro do Turismo, Gilson Machado.

À época, Moura disse à Folha de S.Paulo não ter havido convite e que a conversa se limitou apenas a discutir o cenário eleitoral. Auxiliares do presidente descartam a possibilidade do marqueteiro para o cargo.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.

PublicidadePublicidade