Confrontos em presídio no Equador deixam ao menos 20 mortos

Conflito começou com grupos rivais disputando o controle dos pavilhões, diz o governo

Folhapress Folhapress -
Confrontos em presídio no Equador deixam ao menos 20 mortos (Foto: Divulgação/ Imagem ilustrativa)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Pelo menos 20 pessoas foram mortas em um confronto em um presídio no Equador neste domingo (4), segundo o governo, em mais um episódio da crise carcerária do país onde 316 detentos foram mortos só no ano passado.

O conflito aconteceu no presídio de El Turi, na cidade de Cuenca, sul do país, a 470 quilômetros da capital, Quito. Os confrontos começaram por volta de 1h30 (3h30 no horário de Brasília) na seção de segurança máxima, com grupos rivais disputando o controle dos pavilhões, diz o governo. Ao meio-dia ainda era possível ver prisioneiros e policiais nos telhados da prisão.

O ministro do Interior, Patricio Carrillo, afirmou que cinco corpos foram mutilados no confronto, seis pessoas foram encontradas enforcadas e uma vítima tinha aparentes sinais de envenenamento. Além dos mortos, cinco pessoas ficaram gravemente feridas, disse.

Cerca de 1.000 membros das forças de segurança foram mobilizados para retomar o controle da prisão, disse ele, e os prisioneiros agora serão distribuídos por diferentes blocos dentro do presídio para tentar evitar vinganças e novas disputas entre membros de gangues.

“As brigas acabaram, mas há detentos armados lá dentro”, disse Carrillo. Segundo ele, as forças de segurança entraram nos blocos para confiscar armas e limpar a prisão.

O ministro negou que a briga tenha ocorrido devido à superlotação. Nas 65 prisões do Equador, com capacidade para cerca de 30 mil pessoas, há cerca de 39 mil presos (30% de superpopulação), dentre os quais 15 mil ainda não foram julgados.

Em El Turi, com capacidade para 2.500 presos, há hoje 1.600 detentos. O confronto ocorreu, diz ele, porque “há uma organização que quer ter poder absoluto” e “há algumas células que se rebelaram”.

O presidente Guillermo Lasso, conservador que assumiu o controle do país em maio do ano passado, prometeu reduzir a violência nas prisões por meio de um processo de pacificação de gangues, libertação antecipada de prisioneiros e reformas políticas e sociais.

Vizinho do maior produtor de cocaína do mundo, a Colômbia, o Equador se tornou um porto estratégico para escoamento da droga, o que atrai organizações criminosas internacionais, sobretudo colombianas e mexicanas, que se associam a grupos locais em busca de rotas privilegiadas de exportação de drogas para outros países.

Em só um motim em outubro do ano passado, em Guayaquil, 118 presos foram mortos, parte deles decapitados, em execuções que foram filmadas e se espalharam por redes sociais. Não foi só a rebelião mais violenta do Equador, como também uma das mais cruéis do continente, superando até o massacre do Carandiru, em 1992, quando 111 presos foram assassinados em São Paulo.

A crise carcerária também leva a episódios inusitados, como quando um drone lançou explosivos no complexo penitenciário de Guayaquil. Na ocasião, o Snai, órgão responsável pela administração de presídios, escreveu no Twitter: “É grave, estamos em meio a uma guerra entre CARTÉIS INTERNACIONAIS”, em letras maiúsculas, dizendo que o ataque mirava chefes de quadrilhas.

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