Porta fechada e humilhação: o duro dilema das mães com filhos pequenos que fazem faculdade

Proibidas de entrarem com as crianças, estudantes goianas viralizaram com vídeos denunciando a situação

Gabriella Pinheiro Gabriella Pinheiro -
Isadora Kelwen, Gabriella Barbosa e Thainara Xavier, estudantes da UniGoiás. (Fotos: Reprodução)

Uma postagem publicada na última sexta-feira (29) viralizou nas redes sociais. A estudante de medicina veterinária do Centro Universitário de Goiás (UniGoiás), Isadora Kelwen, de 26 anos, foi impedida de entrar na instituição por levar a filha de 01 ano e 04 meses no local.

Durante o relato, ela compartilhou que não tinha com quem deixar a criança durante o período de aula e por isso teve que levá-la até a instituição de ensino, que fica no Cidade Jardim, em Goiânia.

“Quando eu cheguei na porta da faculdade o segurança me abordou e disse que eu não poderia entrar com a minha filha. Eu pedi para alguns colegas tentarem entrar em contato com a coordenação, mas disseram que não tinha nada que poderia ser feito”, disse em entrevista ao Portal 6.

Segundo a universitária, o funcionário ainda sugeriu ela deixasse a criança no lado de fora da universidade, caso realmente quisesse entrar. “Como que eu iria deixar uma criança de apenas 01 e 04 meses do lado de fora e sozinha? Foi muito humilhante passar por aquela situação”, desabafou.

 

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Relatos como o de Isadora Kelwen não são isolados e acontecem com certa frequência na UniGoiás, que foi procurada pelo Portal 6 e até o fechamento desta reportagem não se pronunciou. Outro caso divulgado recentemente nas redes sociais é o da estudante Thainara Xavier, de 25 anos.

A acadêmica de medicina veterinária contou à reportagem que também foi impedida de entrar na faculdade por estar acompanhada do filho de apenas 08 anos. “Eu tinha prova no dia que aconteceu e não tinha com quem deixar o meu filho, pois ele não tinha aula. Eu levei e chegando lá fui informada de que não poderia entrar com ele”, conta.

Thainara Xavier lembra que ainda perguntou a um dos seguranças se poderia deixar a criança no corredor enquanto realizava a prova, mas obteve uma resposta inusitada.

“Ele virou pra mim e disse: vou te dar uma sugestão, deixa seu filho aí fora enquanto você faz a prova. Eu fiquei em choque e desesperada, não ia deixar meu filho sozinho. Tive que chamar meu marido para que ele saísse do trabalho e levasse meu filho”, recorda.

 

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“Eu chorei muito. Fui com o meu psicológico abalado fazer a prova e fui acalmada pelo professor, mas me senti bastante desrespeitada e ofendida. Eu pago caríssimo e não tenho o acolhimento que merecido”, completou a jovem.

Gabriella Barbosa Lima, de 25 anos, é também outra estudante que passou por uma situação similar. No dia 13 de abril deste ano, a universitária quase não conseguiu fazer um teste por estar com a filha de apenas 11 meses.

“Eu tinha três provas para fazer no dia todo e minha filha fica meio período na creche, então me programei para levar ela. Quando fui entrar pedi pro segurança abrir a maior parte para eu passar com o carrinho, ai ele disse: se você quiser entrar, você entra, mas ela não”, explica.

Advogado especializado em direito civil, Cristiano Pádua explica que a entrada de crianças acompanhada dos responsáveis em locais privados depende do regulamento de cada estabelecimento. “Genericamente os regimento internos não costumam proibir a entrada das mães nas dependências, somente na sala de aula”, destaca.

“Mas é necessário que o aluno veja no regulamento o que diz respeito a isso”, acrescenta, destacando que as mães podem pedir reparação judicial da instituição de ensino comprovem os abalos emocionais que sofreram.

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