Lula cobra compromisso de militares com democracia e diz que não irá tolerar ameaças

No discurso, o petista ainda minimizou as chances de um golpe liderado por Bolsonaro e disse acreditar que haverá normalidade democrática

Folhapress Folhapress -
Ex-presidente Lula (Foto: Bruno Santos/ Folhapress)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou militares comprometidos com democracia e disse que não irá tolerar ameaças ou tutela sobre as instituições.

“É preciso superar o autoritarismo e as ameaças antidemocráticas. Não toleraremos qualquer espécie de ameaça ou tutela sobre as instituições representativas do voto popular”, afirmou o petista neste sábado (2) em Salvador.

O ex-presidente ainda afirmou que as Forças Armadas devem estar comprometidas com a democracia e devem cumprir estritamente o que está definido na Constituição.

“O Brasil independente e soberano que queremos não pode abrir mão de suas Forças Armadas. Não apenas bem equipadas e bem treinadas, mas sobretudo as Forças Armadas comprometidas com a democracia.”

O petista destacou que o Brasil precisa de normalidade institucional para sair da crise e disse que as Forças Armadas estarão ao lado da população.

“Tenho certeza que as forças armadas estarão ao lado do povo brasileiro na nossa luta por uma nova independência, como estiveram em momentos importantes da nossa história”, disse.

No discurso, o petista ainda minimizou as chances de um golpe liderado por Bolsonaro e disse acreditar que haverá normalidade democrática.

“Não aceitem o terrorismo, não acreditem no terrorismo que é feito na televisão de que vai ter golpe, que ele [Bolsonaro] está querendo criar caso”, disse Lula, que ainda criticou o presidente por suspeitar das urnas eletrônicas.

“Esse cidadão foi eleito pelo voto eletrônico em 1998, em 2002, em 2006, em 2010, em 2014 e em 2018 e agora ele vem dizer que desconfia da urna eletrônica. Na verdade, ele está desconfiando é do povo brasileiro que não vai votar nele e vai derrotá-lo.”

Lula também defendeu a eleição de uma bancada de senadores e deputados federais aliados e fez críticas às emendas do relator, instrumento orçamentário sem transparência que ganhou força no Congresso Nacional sob Bolsonaro.

“Se a gente não tiver muitos deputados e a gente não acabar com o orçamento secreto, será muito difícil eu e o [Geraldo] Alckmin fazer o que nós precisamos fazer neste país”, disse.

O petista participou de ato com a militância na Arena Fonte Nova com a presença de Geraldo Alckmin (PSB), do governador da Bahia, Rui Costa (PT), e do pré-candidato a governador Jerônimo Rodrigues (PT).

Lula esteve em Salvador para participar da celebração da Independência da Bahia, data que também teve a presença de outros três presidenciáveis: o presidente Jair Bolsonaro (PL), do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e da senadora Simone Tebet (MDB).

Lula, Ciro e Simone caminharam nas ruas do Centro Antigo de Salvador ao lado de apoiadores, mas apenas os dois últimos se encontraram. Bolsonaro, por sua vez, optou por participar de uma motociata com apoiadores saindo do Farol da Barra

O ato, que acontece faltando três meses para a eleição presidencial, foi encarado como primeiro grande teste da campanha presidencial, com militantes nas ruas e preocupação adicional com a segurança.

O ex-presidente Lula se uniu ao cortejo do 2 de Julho na altura do Largo da Soledade e caminhou por cerca de um quilômetro, contrariando a expectativa inicial de que não participaria do ato cívico.

O petista estava sob forte esquema de segurança e não foi hostilizado no percurso. Cercado de apoiadores, ouviu gritos de “Lula guerreiro do povo brasileiro” e “Olê, olê, olá, Lula, Lula”.
Durante a caminhada, o petista falou sobre a receptividade e o clima civilizado no cortejo em Salvador.

“A gente está fazendo uma caminhada com milhares de pessoas e não houve um incidente sequer. Ou seja, em uma demonstração de que o povo não só é democrático como gosta de demonstrações democráticas”, afirmou.

Também destacou a importância do 2 de Julho: “Aqui, a Independência foi feita com sangue e com morte de negro, de indígena, de padre, de freira, e do povo trabalhador que lutou para expulsar os portugueses. Então, é isso que você vê: não é um desfile militar, é um desfile do povo. Isso significa Independência”.

Lula andou no cortejo ao lado da sua mulher, Rosângela Souza, do governador da Bahia, Rui Costa (PT), do pré-candidato a governador Jerônimo Rodrigues (PT). Mais atrás, sozinho, veio o pré-candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

A Folha apurou que Lula havia sido desaconselhado de participar do cortejo do 2 de Julho por questões de segurança. O petista, contudo, decidiu participar de um trecho para fazer um contraponto a Bolsonaro, que preferiu se unir a apoiadores em uma motociata.

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