Inglaterra anuncia estado de seca para metade do país em meio a nova onda de calor

Se as condições piorarem, as concessionárias poderão racionar água também para os imóveis residenciais, em horários específicos

Folhapress Folhapress -
Temperaturas devem subir em Goiás nesta sexta-feira (15). (Foto: Reprodução)

IVAN FINOTTI
MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) – A Inglaterra declarou oficialmente na manhã desta sexta-feira (12) estado de seca em 8 de suas 14 regiões. Espera-se que duas novas áreas entrem nesse estado já na próxima semana.

O anúncio vem a reboque do verão mais seco dos últimos 50 anos e o julho mais seco desde 1935. As temperaturas também têm castigado os britânicos, fazendo o termômetro subir à casa dos 35°C -há algumas semanas o país superou os 40°C pela primeira vez desde que começaram as medições.

Toda a região que abarca o centro, o sul e o leste do país está sendo afetada, além do extremo oeste, onde fica a Cornualha. Por ora, o governo britânico diz que os suprimentos essenciais de água estão a salvo, mas o anúncio do estado de seca significa que as companhias de água das regiões afetadas agora podem introduzir restrições para os habitantes.

O uso de mangueiras nos jardins está sendo proibido em diversas partes, assim como lavar o carro. A lavagem de janelas deve ser a próxima restrição a entrar na lista.

O governo tem orientado os ingleses para que usem água “de forma sábia”, e o prefeito de Londres, Sadiq Khan, voltou a pedir à população que não faça churrasco em quintais, varandas e parques, temendo possíveis focos de incêndio -ele havia dado essa orientação na ocasião das temperaturas recordes, quando o fogo em matas chegou a áreas próximas à capital.

O Corpo de Bombeiros afirmou ter registrado centenas de incêndios na capital na semana passada, contra 42 observados no mesmo período em 2021. Pelo menos cinco grandes redes de lojas pararam de vender churrasqueiras nos últimos dias.

A equipe do governo que decidiu pelo estado de seca considerou também a segurança alimentar do país. Metade das plantações de batatas na Inglaterra deve ser perdida se não puder ser irrigada. Com os reservatórios e rios muito abaixo da média, mesmo plantações que costumam ser tolerantes à seca ficam sob risco de morrer.

Espera-se a perda de 10% a 50% das colheitas de cenoura, cebola, beterraba e maçã. A produção de leite também enfrenta redução, devido à falta de comida para alimentar as vacas. O quadro adiciona camadas de preocupação em meio à instabilidade dos preços e do fornecimento de muitos itens, com as dificuldades impostas pela Guerra da Ucrânia –que impactam também a energia na Europa.

Se as condições piorarem, as concessionárias poderão racionar água também para os imóveis residenciais, em horários específicos.

Acredita-se que os problemas da falta de chuvas, diretamente ligados à crise climática, não serão resolvidos no Reino Unido antes de outubro. Em julho, Penny Endersby, diretora do serviço de meteorologia britânico, citou à BBC estudos segundo os quais, sem a crise climática, inexistiriam chances de a temperatura no Reino Unido chegar à casa dos 40°C.

Em meio a sucessivas ondas de calor, a seca tem atingido outras partes da Europa neste verão do hemisfério Norte. Nesta semana, a França voltou a enfrentar um risco aumentado de incêndios florestais, com temperaturas na casa de 40°C, e a Itália viu o agravamento da estiagem no rio Pó, a pior em sete décadas.

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