Primeiras-damas viram ‘armas políticas’ em campanhas eleitorais de Goiás

Ao Portal 6, especialista avalia que, embora tenham mais destaque, estas mulheres costumam ser 'apêndices' de homens que já estão no poder

Emilly Viana Emilly Viana -
Da esquerda para direita, Gracinha Caiado, Mayara Mendanha, Thelma Cruz e Vivian Naves. (Foto: Reprodução)

A presença de primeiras-damas nas eleições deste ano em Goiás é sentida em peso. Gracinha Caiado (Estado), Thelma Cruz (Goiânia), Mayara Mendanha (ex-Aparecida de Goiânia) e Vivian Naves (Anápolis) são alguns dos nomes que têm se destacado, seja por candidatura política ou por atuação ao longo do Governo dos cônjuges.

Ao Portal 6, a advogada Nara Bueno, especializada em Direito Eleitoral, avalia que a “onda” não é por acaso. “A mulher é maioria no eleitorado. Com essa estatística sendo decisiva nas urnas, começou-se a utilizar a figura da primeira-dama como uma ‘arma’ ou ‘aparato’ político. Ela saem candidatas, fazem discursos, sempre enaltecendo os companheiros”, expõe.

A especialista aponta que o cenário se sobressai principalmente como estratégia política de partidos mais conservadores. “A imagem de primeira-dama que era explorada há algumas décadas era de uma mulher feminina, caridosa, uma figura de mãe mesmo. Nos últimos anos teve uma leve modificação, mas na maior parte ainda é essa a figura que prevalece”, pondera.

Normalmente, segundo a pesquisadora, as mulheres são uma extensão de homens que já detêm o poder. “A política goiana tem um histórico muito coronelista. Então esses maridos, pais e chefes de família estão ‘permitindo’ a entrada dessas mulheres por uma questão extensão do poder. Elas não são independentes, são um apêndice”, afirma.

Segundo Nara Bueno, outro fenômeno chama atenção dos analistas políticos. “Na medida em que a gente vê mais mulheres na disputa, com candidatas mais fortes e competitivas, também notamos uma contradição. Elas não estão atreladas a pautas sobre Direitos das Mulheres, mas questões religiosas, pudicas e de família”, indica.

A questão não passará desapercebida pelas eleitoras. “Eu acredito que o eleitorado feminino vai começar a entender que não adianta só mobilizar esse discurso religioso e uma família que só tem um modelo. Elas vão perceber que, muitas vezes, pode se tratar de uma falsa representatividade”, pondera.

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