Agulha no palheiro, empresas goianas sofrem para contratar profissionais de TI

Existem cursos gratuitos no Estado com vagas disponíveis. Contrassenso é que salários e benefícios são bem atraentes

Emilly Viana Emilly Viana -
Márcio Zuffa. (Foto: Reprodução)

Dados do último trimestre apontam que 270 mil pessoas estão desempregadas em Goiás. Na contramão do déficit, a área de Tecnologia da Informação (TI) enfrenta a carência de profissionais: até 2024 as empresas goianas têm o desafio de contratar 40 mil novos trabalhadores, segundo pesquisa da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação.

Divididas em dezenas de nichos de funções dentro da base de formação de TI, os salários podem ser de encher os bolsos. Estudo Nacional de Remuneração de 2022 da PageGroup revela que os salários mensais podem atingir até R$ 55 mil – como diretor de engenharia de software, por exemplo.

Entretanto, valores que ficam entre R$ 20 mil e R$ 30 mil, a depender do cargo e porte da empresa estão mais dentro da realidade do mercado de trabalho.

Ao Portal 6, o gerente de Educação do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac Goiás), Fabrício Borges, explica que o problema é antigo e foi acentuado pela pandemia. “Nesse período, a área de programação teve um boom muito grande. As empresas tiveram que investir em home office, vendas online e atendimento ao cliente. Então esses profissionais estão mais requisitados no mercado”, afirma.

De olho na demanda, o Senac tem investido na chamada ‘Educação 4.0’, que tem como foco a tecnologia. Ainda assim, a instituição está com dificuldade de preencher as turmas destes cursos, que são gratuitos. Atualmente, são 1mil vagas disponíveis. “Sabemos que não são formações fáceis, pois requer uma boa base de informática. Mas temos divulgado bastante”, ressalta.

As oportunidades para os profissionais do segmento, de acordo com o gerente, têm se diversificado com os anos. “Hoje o mercado é globalizado, então quem se especializa pode trabalhar por conta própria e encontrar clientes de várias localidades. Mas outro fenômeno que observamos são as empresas que contratam pessoas sem formação completa e investem na educação daquela pessoa”, cita.

Novos caminhos

O analista de desenvolvimento de sistemas Marcio Zuffa, de 43 anos, foi atraído para a área por uma propaganda do Senac. Formado em Música pela Universidade Federal de Goiás (UFG), ele decidiu mudar de profissão em 2019. O convite para ingressar no mercado de trabalho de TI ocorreu no segundo semestre de curso, dentro da própria sala de aula.

“Já nos primeiros meses, o meu professor procurava alunos para compor a equipe dele e de conhecidos. Isso é muito comum na nossa área, mas não é tão fácil quanto parece. Por exigir conhecimentos de áreas diferentes, tem que se dedicar muito às aulas e o trabalho é desafiador”, revela.

A turma de Marcio começou com 41 alunos. Destes, apenas oito se formaram. “Muitos entram por curiosidade, já que é divulgado que se ganha muito. Mas é uma área muito grande, muito complexa. Quanto mais você se aprofunda, mais chances de ter boas oportunidades de trabalho e bons salários”, aconselha.

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