Estátuas de 2.300 anos emergem da lama em sítio arqueológico na Toscana

Teoria levantada pelos arqueólogos é a de que as estátuas adornavam o entorno de banheiras e ficavam ancoradas em blocos de travertino

Folhapress Folhapress -
Quem possui algum desses sobrenomes pode ter direito à herança italiana
Toscana, na Itália. (Foto: Pexels)

Arqueólogos da Itália divulgaram nesta quarta (9) a descoberta do maior depósito de estátuas já visto no país. Mais de 20 artefatos, datados dos séculos 1° e 2 a.C., foram retirados da lama em San Casciano dei Bagni, na Toscana, em uma escavação feita pela Universidade para Estrangeiros de Siena.

O sítio arqueológico onde o trabalho vem sendo conduzido há 16 semanas tem uma peculiaridade que contribuiu para o estado de preservação excepcional das obras: uma fonte de água quente.

O local abriga, além de um santuário, um banheiro público, em razão das fontes termais que ali brotam do chão. Entre as 24 peças encontradas há exemplares ímpares de torêutica –esculturas em metal–, cinco das quais com cerca de um metro de altura. Um dos artefatos simboliza a deusa grega Hígia (Salus, para os romanos), associada à higiene, que pôde ser identificada pela serpente, sempre enrolada no braço.

A teoria levantada pelos arqueólogos da universidade é a de que as estátuas adornavam o entorno de banheiras e ficavam ancoradas em blocos de travertino. A disposição em que os objetos foram encontrados também revela algo curioso: as peças teriam sido destacadas da borda dos locais de banho e depositadas no fundo da fonte termal, em uma espécie de ritual de oferenda, por volta do século 1° d.C.

Arqueólogos apontam que a deposição de artefatos no santuário continuou até o século 4. Além das estátuas, foram encontradas quase 6.000 moedas de ouro, prata e bronze, também deixadas na água quente da fonte e atiradas antes do fechamento do local, no século 5.

O professor Jacopo Tabolli, que realiza escavações em San Casciano dei Bagno há três anos, atribui a boa preservação dos artefatos à constituição química da água da região. “É em si o tema de nossa pesquisa, pois é precisamente a centralidade da água que condicionou a escolha pelos antigos deste lugar sagrado”, disse ele, que enxerga na descoberta uma “oportunidade única de reescrever a história da arte antiga e, com ela, a história da passagem entre os etruscos e romanos na Toscana”.

Agnese Carletti, prefeita da cidade, afirma que a descoberta é positiva para o turismo e para a consciência histórica da comunidade e, sobretudo, uma “chance real de renascimento”, porque San Casciano dei Bagni pretende inaugurar um museu para abrigar as estátuas encontradas, obra que ela enxerga ter potencial para ser “um motor de desenvolvimento” do município.

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