Rússia e EUA conversam sobre possibilidade de troca de prisioneiros em caso de repórter americano

Gerchkovitch, um jornalista americano de origem russa de 31 anos, foi detido pelo FSB no final de março sob a acusação de espionar segredos militares

Folhapress Folhapress -
Evan Gerchkovitch. (Foto: Reprodução/YouTube)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Serviços de inteligência dos Estados Unidos e da Rússia estão conversando sobre uma possível troca do repórter do Wall Street Journal Evan Gerchkovitch por um prisioneiro russo no país americano, afirmou nesta quinta-feira (13) o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Riabkov.

“Quanto a uma troca, temos um canal especial para isso, e os serviços especiais têm tratado do assunto e continuarão a fazê-lo”, afirmou Riabkov à agência de notícias russa Tass.

O trâmite, porém, só poderia ser realizado após o julgamento, acrescentou ele. Os países tratam ainda do caso de outro cidadão americano, Paul Whelan, condenado na Rússia por espionagem, afirmou o vice-ministro.

Gerchkovitch, um jornalista americano de origem russa de 31 anos, foi detido pelo FSB (Serviço Federal de Segurança) da Rússia no final de março sob a acusação de espionar segredos militares para Washington. Ele foi o primeiro jornalista americano detido na Rússia por acusações de espionagem desde o fim da Guerra Fria.

O órgão afirma que, “agindo a pedido do lado americano”, o repórter “coletou informações que constituem um segredo de estado sobre as atividades de uma empresa dentro do complexo militar-industrial da Rússia”. Não foram apresentadas provas, e uma corte moscovita determinou que ele fique preso pelo menos até o dia 29 de maio, quando haverá uma audiência sobre o caso.

O WSJ nega as acusações e já pediu uma “escalada diplomática e política”, com a expulsão do embaixador russo nos EUA, assim como de todos os jornalistas russos. Riabkov afirma que o jornal tenta “aumentar as tensões em torno dessa questão diariamente”. Após a detenção, a porta-voz da Casa Branca classificou as acusações de “ridículas”, e o presidente americano, Joe Biden, pediu a libertação do repórter.

Em dezembro, a jogadora de basquete americana Brittney Griner foi libertada pela Rússia depois de Moscou e Washington concordarem em realizar uma troca de prisioneiros. Griner estava detida na Rússia desde fevereiro devido à acusação de posse de haxixe, e a contrapartida americana foi a libertação do russo Viktor Bout, condenado por tráfico de armas.

A escalada no caso do jornalista americano fez o embaixador russo nos Estados Unidos, Anatoli Antonov, sugerir a redução do número de jornalistas americanos na Rússia. “Os americanos nos ameaçaram com medidas de retaliação se não libertarmos Gerchkovitchem um futuro próximo”, disse Anatoli Antonov à televisão estatal russa First Channel nesta sexta-feira (14). “Vamos ver como eles vão agir.”

Ele afirmou ainda que teve uma conversa “muito dura” com a subsecretária de Estado dos EUA, Victoria Nuland, que acusou a Rússia de deter Gerchkovitch ilegalmente. Antonov disse que Nuland o interrompeu repetidamente de maneira contraproducente.

“Os americanos têm uma palavra muito boa, ‘reciprocidade’ na qual sempre insistem”, disse Antonov. “Talvez seja a hora de mostrarmos reciprocidade e reduzirmos o número de jornalistas americanos que trabalham em Moscou e na Rússia ao número [de jornalistas russos] que trabalham em Washington e Nova York.”

Muitos repórteres dos EUA deixaram a Rússia depois que o presidente Vladimir Putin ordenou a entrada de tropas na Ucrânia no ano passado – e outros partiram desde a detenção de Gerchkovitch. Os EUA pediram a seus cidadãos que deixassem a Rússia devido ao conflito e ao risco de prisão arbitrária ou assédio por parte das agências policiais russas.

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