Papa ora por família da ‘menina do Vaticano’, que desapareceu há 40 anos

Filha de um funcionário do Vaticano, Orlandi tinha 15 anos quando não voltou para casa após aula de música no centro de Roma

Folhapress Folhapress -
Papa Francisco. (Foto: Daniel Marenco/Folhapress)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O papa Francisco rezou neste domingo (25) pela família de Emanuela Orlandi, estudante que desapareceu no Vaticano em 1983, em um caso intrigante que despertou solidariedade, virou tema de série e acaba de completar 40 anos sem conclusões.

Filha de um funcionário do Vaticano, Orlandi tinha 15 anos quando não voltou para casa após aula de música no centro de Roma. O caso nunca foi solucionado, e a família pressiona publicamente por investigações.

Na oração do Angelus, o papa disse que desejava “expressar mais uma vez proximidade à família dela, especialmente à mãe”. Dirigiu-se à multidão na praça de São Pedro, onde estava Pietro Orlandi, irmão da vítima, e um grupo de apoiadores que seguravam fotografias e faixas pedindo “verdade” e “justiça”.

O Vaticano foi acusado pela família de dificultar as investigações por anos. O irmão de Emanuela disse, após as falas de Francisco, que “rezar é um sinal de esperança para alcançar a verdade”. Para ele, talvez esteja chegando a hora de avançar na investigação.

Neste ano, a Procuradoria-Geral do Vaticano e o Ministério Público de Roma reabriram investigações com possíveis pistas. Segundo o jornal britânico The Guardian, o foco da apuração, porém, será o caso de Mirella Gregori, que desapareceu em Roma semanas antes de Orlandi. Acredita-se que os dois episódios tenham ligações.

As teorias sobre o desaparecimento da menina, nunca comprovadas, variam desde especulações de que estava ela foi sequestrada para obter a liberação de Mehmet Ali Agça, turco que tentou assassinar o papa João Paulo 2º em 1981, até suposições de que foi vítima de padres pedófilos.

Uma ex-companheira do criminoso Enrico de Pedis, suspeito de pertencer à máfia e a setores de finanças do Vaticano, também acusou-o de ter sequestrado a jovem e enterrado o corpo dela.

A adolescente teria sido sequestrada pela Banda della Magliana, grupo criminoso liderado por Pedis, para recuperar um empréstimo de um ex-presidente do Banco do Vaticano, Paul Marcinkus. Assim, o desaparecimento teria sido uma retaliação da máfia.

No início deste ano, Pietro Orlandi, o irmão, mostrou na TV italiana gravações de áudio de um suposto gângster afirmando que meninas eram levadas ao Vaticano para serem molestadas e que João Paulo 2º sabia disso. Em abril, o papa Francisco chamou as acusações de “insinuações ofensivas e infundadas”.

Em outubro do ano passado, a Netflix lançou a série “A Garota Desaparecida do Vaticano”, que conta a história do desaparecimento.

Na série, o irmão de Orlandi afirma que o papa Francisco teria dito que ela “está no céu” –indicando, de acordo com a família, que o Vaticano sabe o que aconteceu com a jovem. A produção da Netflix levanta outras hipóteses: a de que a adolescente foi levada a Londres, onde permaneceu em um albergue católico até 1997, e a de que foi abusada por um membro do Vaticano dias antes de seu desaparecimento.

Na oração deste domingo, o pontífice argentino também rezou por todos que possuem algum familiar desaparecido. “Estendo minha memória a todas as famílias que carregam essa dor.”

No início de junho, Francisco passou por uma cirurgia na região abdominal. Ele recebeu alta após nove dias, no último dia 16, e retomou a agenda no Vaticano.

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