Enfermeira diz que filha morreu por superdosagem de remédio e médico tentou registrar como “autoextermínio”

De acordo com ela, profissional afirmou erroneamente que vítima havia ingerido mais de 60 comprimidos antes de dar entrada no hospital

Gabriella Pinheiro Gabriella Pinheiro -
Vitória Cristina Queiroz dos Santos, 21 anos.
Vitória Cristina Queiroz dos Santos, 21 anos. (Foto: Divulgação/Defesa da família)

A suspeita da aplicação de uma superdosagem de medicamentos no Hospital Municipal de Silvânia, que teria causado a morte de Vitória Cristina Queiroz dos Santos, de 21 anos, não foi a única dor sentida pela mãe da vítima, Raquel Principe, de 37.

Após o falecimento da filha, a mulher, que também é enfermeira, afirma que o médico responsável por injetar os remédios tentou alterar o prontuário para “autoextermínio”.

Em entrevista ao Portal 6, ela alega que, dias depois da fatalidade, o profissional teria mudado o documento e espalhado boatos na unidade de saúde dizendo que a vítima havia ingerido vários medicamentos, o que, segundo a genitora, é falso.

“Depois que o médico aplicou os medicamentos que mataram a minha filha, ele soltou um boato de que foi autoextermínio e que ela tinha tomado mais de 60 compridos. Ele anotou no prontuário dela isso e fez esse relatório para os médicos de lá”, diz.

Relatório foi criado por médico da jovem. (Foto: Divulgação)

Conforme a genitora, no dia 03 de julho, por volta das 17h30, Vitória, que estava na companhia da mãe, deu entrada na unidade de saúde com crises de ansiedade.

No local, a menina foi atendida por um médico que supostamente passou remédios contraindicados ao quadro clínico. De acordo com a mãe, inicialmente, o homem aplicou uma injeção injetável de Haldol e cinco ampolas de Midolazan – medicamentos utilizados para intubação.

Logo em seguida, o profissional ainda teria aplicado no soro de 100 ml, 10 ml de uma ampola de 50 mcg/mg de Fentanila. Segundo Raquel, minutos depois da aplicação, a jovem teve uma parada cardiorrespiratória.

Receitas de medicamentos prescritos para jovem. (Foto: Divulgação)

“Em questão de minutos ela teve uma parada cardiorrespiratória. Ele [o médico] ficava falando que isso aconteceu porque ela teria passado a mão por cima do pescoço e comprimido a traqueia, o que era mentira porque ela nem estava dando conta de se mexer de tanto sedativo”, diz.

Após a ação, a jovem passou por uma tentativa de reanimação. Mesmo assim, de acordo com Raquel, o médico seguia afirmando que a Vitória estava bem.

No entanto, horas depois, a menina foi encaminhada até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Buriti Sereno e, posteriormente, ao Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP), onde foi confirmada a morte cerebral devido a uma parada cardiorrespiratória.

“O médico que atendeu ela na HMAP chegou a me dizer que nunca tinha visto um cérebro tão danificado que nem o dela, que tinha sido a primeira vez”, relembra.

Após a confirmação de morte cerebral, no dia 09 de julho, a mulher denunciou o ocorrido na Polícia Civil (PC) e, com o auxílio de um advogado, entrou com um processo contra a unidade de saúde.

A denúncia motivou a abertura de uma investigação – para apurar a morte da paciente, além de uma possível omissão de dados e informações do prontuário médico – que resultou no afastamento de 30 dias da secretária de Saúde de Silvânia, Laudiane Gonçalves, além do médico diretor clínico e da coordenadora do hospital municipal da cidade, na última quarta-feira (09).

Com o afastamento dos servidores, Raquel afirma que se sente esperançosa e que almeja que a verdade sobre o ocorrido venha à tona em breve.

“Foi o momento mais difícil da minha vida. Além de lidar com a morte, a minha filha saiu com fama de suicida, sendo que a vida dela foi tirada. […] Senti que perdi mais de uma vez”, desabafa.

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