Bilionário padrinho político de Zelenski é preso na Ucrânia

Advogados de defesa disseram que o magnata, que compareceu a tribunal em Kiev neste sábado, apelaria da decisão

Folhapress Folhapress -
Serviço de Segurança da Ucrânia prendeu neste sábado (2) o bilionário Ihor Kolomoiski sob acusação de fraude e lavagem de dinheiro. (Foto: Reprodução)

O Serviço de Segurança da Ucrânia prendeu neste sábado (2) o bilionário Ihor Kolomoiski sob acusação de fraude e lavagem de dinheiro, com fiança equivalente a mais de US$ 13 milhões –ele deve ficar dois meses sob custódia. Proeminente no país, o oligarca é considerado o padrinho político do presidente, Volodimir Zelenski.

De acordo com o comunicado das autoridades de segurança, Kolomoiski lavou o equivalente a US$ 14 milhões entre 2013 e 2020 ao retirar o dinheiro do país através de bancos que controlava. O bilionário também já teve participações em grandes empresas do setor de energia, além das indústrias bancária e de telecomunicações, entre outras.

Os advogados de defesa disseram que o magnata, que compareceu a tribunal em Kiev neste sábado, apelaria da decisão, questionando sua legalidade, mas que não pagaria a fiança para garantir sua liberdade, segundo a imprensa local.

Um dos homens mais ricos do país, Kolomoiski é dono do popular canal de TV 1+1, cujo programa “Servo do Povo” estrelou o atual presidente, Volodimir Zelenski, como um professor que viraliza após um discurso inflamado contra a corrupção e acaba eleito líder do país.

Depois, Zelenski se lançou candidato de fato à Presidência com uma plataforma anticorrupção e venceu como outsider sob um partido com mesmo nome do programa.

Embora inicialmente o atual presidente fosse tratado, notadamente por seus opositores, como marionete de Kolomoiski, os dois se afastaram com o tempo –Zelenski nega que o bilionário tenha influenciado seu governo.

Neste sábado, Zelenski se pronunciou pelas redes sociais em vídeo em que agradece as forças policiais ucranianas por “levar à justa conclusão casos há muito tempo parados” e afirma que “não haverá mais ‘negócios como de costume’ para os que saquearam a Ucrânia e se colocaram acima da lei e das regras”.

A declaração não menciona o oligarca, mas é um recado velado ao padrinho político que sinaliza ao Ocidente o esforço de Kiev para conter fraudes e corrupção durante o conflito com a Rússia, uma das condições para que o apoio militar à Ucrânia continue e se estenda.

Neste ano, Kiev tem feito sinalizações nesse sentido em meio a escândalos de superfaturamento e mal uso de recursos. Procuradores, vice-ministros e governadores foram afastados dos cargos, e as suspeitas chegaram a derrubar o ministro da Defesa, Oleksii Reznikov, em pleno conflito.

Kolomoiski expandiu sua riqueza como industrial após o colapso da União Soviética. A partir de então começou a acumular influência a em assuntos políticos e econômicos ucranianos. Ele está sob sanções dos Estados Unidos desde 2021, antes da invasão liderada pelo russo

Vladimir Putin, em razão de seu “envolvimento significativo em corrupção” –o bilionário sempre negou ter cometido irregularidades.

Em 2020, o oligarca esteve ao lado do ex-presidente americano Donald Trump, do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e do ex-mandatário brasileiro Jair Bolsonaro como finalista do prêmio de pessoa do ano na categoria crime organizado e corrupção da OCCRP (Organized Crime and Corruption Reporting Project’s), consórcio internacional de jornalistas investigativos e centros de mídia independentes (na ocasião, Bolsonaro foi o escolhido pelo júri).

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