Economistas aumentam previsão do PIB para 2023 em 0,25 ponto percentual

Resultado foi acima do esperado pelo mercado, já que analistas de instituições financeiras e consultorias estimavam um crescimento de 0,4%

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Mercado eleva previsão do PIB deste ano de 2,31% para 2,56% (Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)

FERNANDO NARAZAKI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os economistas aumentaram em 0,25 ponto percentual a previsão para o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano, segundo relatório divulgado pelo BC (Banco Central) na manhã desta segunda-feira (4).

O boletim Focus aponta uma expectativa de 2,56% para o crescimento da economia brasileira. Na semana passada, o índice estava em 2,31%. Em compensação, houve piora na perspectiva para 2024, caindo de 1,33% para 1,32%, e ficaram estáveis as previsões para 2025 (1,90%) e 2026 (2%).

O salto de 0,25 ponto percentual é o maior desde 19 de junho deste ano, quando houve uma variação de 0,30 ponto percentual para cima em relação à semana anterior.

A divulgação do relatório ocorre na semana seguinte à aprovação do arcabouço fiscal pelo Congresso e ao anúncio do aumento de 0,9% no PIB do segundo trimestre deste ano em comparação com os três meses anteriores, segundado dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É a oitava alta consecutiva e o Brasil tem 3,2% de crescimento no acumulado dos quatro trimestres.

O resultado foi acima do esperado pelo mercado, já que analistas de instituições financeiras e consultorias estimavam um crescimento de 0,4%, segundo a agência Bloomberg.

A divulgação dos dados desencadeou na sequência revisões para cima nas projeções de economistas de bancos como JPMorgan e Goldman Sachs, enquanto outros adiantaram que devem melhorar suas estimativas de 2023.

Os analistas também apontaram um aumento na previsão da inflação deste ano, indo de 4,90% para 4,92%, e de 2024 (de 3,87% para 3,88%).

O centro da meta oficial para a inflação em 2023 é de 3,25% e para 2024, 2025 e 2026 é de 3,00%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Já as perspectivas para o dólar e a taxa básica de juros neste ano permaneceram em R$ 4,98 e 11,75%, respectivamente.

HADDAD ELEVA PREVISÃO DO PIB PARA 3%

Na sexta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) foi uma surpresa positiva e que espera que a economia brasileira cresça 3% neste ano.

Além de Haddad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o número 2 da Fazenda, Dario Durigan, aproveitaram os dados do PIB para fazer declarações otimistas sobre a economia brasileira e tentar reverter as perspectivas mais pessimistas de analistas em relação à capacidade do governo de reduzir o rombo das contas públicas.

“Quero lembrar que, em janeiro, as projeções médias do mercado eram inferiores a 1%. Portanto, em relação ao que estava sendo projetado, estamos com um crescimento três vezes superior”, afirmou o ministro da Fazenda.

O governo enfrenta o ceticismo do mercado e de integrantes do próprio governo em cumprir a meta de déficit zero em 2024, estabelecida por Haddad. Na quinta-feira (31), foi entregue a proposta do Orçamento do próximo ano, com a promessa de arrecadar mais R$ 168 milhões, mas não há garantia que todo esse valor será obtido, pois depende da aprovação do Congresso e até de discussão na Justiça.

Na sexta, o ministro da Fazenda disse que o resultado do PIB eleva a confiança no cumprimento das metas propostas, mas defendeu que a equipe econômica não se acomode.

“Tem muito trabalho pela frente para consolidar o marco fiscal e as projeções do ano que vem. Há muito questionamento sobre como vai ser 2024, mas tenho segurança que, se aprovarmos esse conjunto de medidas que estão no Congresso, vamos continuar colhendo os frutos de uma melhoria na percepção da economia brasileira”, disse Haddad.

PREOCUPAÇÃO COM ARRECADAÇÃO

Apesar do resultado do PIB, Haddad disse que a equipe econômica está atenta para o terceiro trimestre após o déficit primário de R$ 35,93 bilhões nas contas do governo federal em julho, o segundo pior para o mês na série histórica que começou em 1997.

As receitas líquidas, já descontados os repasses a Estados e municípios, tiveram uma queda real de 5,3% em julho sobre o mesmo mês do ano passado, para R$ 160,4 bilhões. Essa conta foi afetada por recuos na arrecadação de Imposto de Renda, Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) e queda nos ganhos com dividendos e exploração de recursos naturais.

“O mês de julho nos preocupou. Ainda está inspirando cuidado da nossa parte e isso nós vamos acompanhar a evolução do terceiro trimestre, que é chave para nossas projeções futuras. Agosto está melhor que julho, mas temos preocupação com a atividade no terceiro trimestre”, afirmou Haddad.

O ministro disse que ainda espera a divulgação de dados mais detalhados do Tesouro Nacional para saber os motivos da queda. “Estamos analisando o que aconteceu, mas parece que foi localizado o problema em poucas empresas que recolheram menos imposto de renda.”

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