Milei mantém peronista Daniel Scioli como embaixador da Argentina no Brasil

Representante argentino foi indicado por Alberto Fernández, que é próximo de Lula e trocou provocações com Bolsonaro em 2020

Folhapress Folhapress -
Daniel Scioli, embaixador da Argentina no Brasil. (Foto: Reprodução/Instagram)

BOA VISTA, RR (FOLHAPRESS) – O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, anunciou nesta quarta-feira (29) que manterá no cargo o atual embaixador do país no Brasil, Daniel Scioli, que chegou a lançar pré-candidatura para disputar a Presidência pela coalizão governista derrotada pelo ultraliberal.

“A ideia é que continue, por enquanto, nessa tarefa”, afirmou Milei em entrevista. A confirmação da medida, especulada a alguns dias, é um aceno ao governo brasileiro, que manifestou preocupação com a possível eleição de Milei por ocasião das eleições argentinas em meio a discursos críticos ao governo Lula do então candidato.

Scioli foi indicado ao cargo em Brasília pelo atual líder do país, Alberto Fernández, que é próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2020, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), que trocava provocações com Fernández.

O diplomata foi vice-presidente argentino durante o governo de Néstor Kirchner e governador da província de Buenos Aires.

O embaixador havia lançado sua pré-candidatura no início deste ano para concorrer nas primárias argentinas pela vaga na disputa presidencial representando o governo de Fernández – peronista e fortemente criticado por Milei mesmo antes da campanha.

Scioli retirou sua pré-candidatura para apoiar Sergio Massa, derrotado no pleito pelo ultraliberal.

Milei anunciou viagens a Estados e Israel após a vitória nas eleições, preterindo o vizinho, mas enviou a chanceler escolhida para seu governo, Diana Mondino, a Brasília para se reunir com o ministro da Relações Exteriores, Mauro Vieira, em sua primeira viagem ao exterior.

No encontro, avaliada por diplomatas como sinal de busca por diálogo, ela entregou carta com convite a Lula para sua posse, no dia 10 de dezembro.

A visita de Mondino, que foi mantida em segredo, é avaliada por diplomatas brasileiros e argentinos como a coroação de esforços tanto do embaixador do Brasil na Argentina, Julio Bitelli, como de Scioli.

Bitelli já vinha mantendo contato com interlocutores de Milei desde a campanha, apesar de ataques feitos por ele contra o presidente brasileiro.

A ideia do arranjo com a futura chanceler, por parte da diplomacia brasileira, era não perder tempo e criar condições para que a relação com o novo governo argentino fosse iniciada nos melhores termos possíveis.

Já Scioli, segundo assessores que o acompanham, teria feito um trabalho de convencimento fundamental para que Mondino visitasse o Brasil em um espaço de tempo tão curto –apenas uma semana depois da vitória de Milei.

O fato de a viagem ter sido mantida em segredo foi considerado importante para o seu sucesso.

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