Marta diz a Lula topar vice de Boulos, vai conversar com Nunes hoje e será demitida

Ex-prefeita de São Paulo é atualmente secretária de Relações Internacionais e deixará a gestão da pasta ainda nesta terça-feira (09)

Folhapress Folhapress -
Marta Suplicy
Marta Suplicy. (Foto: Divulgação)

BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy indicou ao presidente Lula (PT) que aceita ser vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo e será demitida nesta terça (9) pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB).

A entrada de Marta na campanha de Boulos dependia de uma conversa dela com Nunes, e a ex-prefeita é esperada na prefeitura às 17h.

Marta é secretária de Relações Internacionais de São Paulo e se encontrou nesta segunda-feira (8) com Lula no Palácio do Planalto, ocasião em que o presidente formalizou o pedido para que ela retorne ao PT e seja vice na chapa de Boulos.

Segundo aliados, Nunes ficou contrariado por ter sabido pela imprensa do encontro de Marta com Lula, tomou a iniciativa para marcar uma conversa com ela e fez a carta de demissão.

A ex-prefeita não atendeu emissários de Nunes que ligaram para ela, mas eles conseguiram contato com o marido dela.

Auxiliares do prefeito dizem que a situação tem que ser resolvida nesta terça e que Nunes ficou magoado. Para eles, está nítido que o emedebista foi traído pela secretária.

A expectativa é que Marta se encontre com Boulos ainda nesta semana, provavelmente na quinta-feira (11). Ela também deverá se manifestar sobre sua decisão nesta semana.

A possibilidade de que Marta voltasse ao PT para ser vice de Boulos foi revelada pela Folha de S.Paulo em novembro. Nesta terça, o G1 noticiou que ela disse a Lula aceitar o convite, indicação confirmada pela reportagem com aliados do presidente.

A secretária sinalizou na conversa com Lula que antes de qualquer anúncio quer conversar com Nunes e informar sua saída. Ela foi aconselhada a resolver a situação ainda durante suas férias, que começaram em meio às negociações para retornar ao antigo partido e terminam no dia 14. De acordo com petistas, há a preocupação de que sua saída da prefeitura ocorra sem turbulência.

A informação na cúpula do PT em São Paulo é que a operação de retorno de Marta será concluída em breve —ou, nas palavras de um dirigente, está 99% fechada. Quem acompanha as conversas diz que Marta será a vice de Boulos e não há espaço para reviravoltas.

A pré-campanha de Boulos, oficialmente, diz que não está envolvida nas tratativas e reitera que, pelo acordo costurado com a legenda de Lula, a vice será oferecida ao PT. Boulos reforçou nas últimas semanas elogios à gestão da ex-prefeita, com quem nunca teve uma relação de proximidade. Aliados consideram positiva a dobradinha e avaliam que ela fortalecerá a chapa encabeçada pelo psolista.

Na segunda, a ex-prefeita chegou a posar para fotos ao lado do presidente e, depois, participou no Salão Negro do Congresso do ato Democracia Inabalada, gestado por Lula para marcar um ano dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

De acordo com pessoas que obtiveram relatos da conversa de Marta com Lula, ficou implícito o fato de que, caso confirme o ingresso na chapa de Boulos, Marta não fará ataques à atual gestão, até por participar dela até o momento.

Isso ficará a cargo do candidato do PSOL. Ela direcionará seu foco para elencar feitos de sua gestão na cidade, de 2001 a 2004.

Além disso, Marta tem bom trânsito em setores de centro e de direita, o que representará um ativo para Boulos.
As costuras têm sido intermediadas pelo deputado federal Rui Falcão (SP), ex-presidente do PT. A intenção é fazer um ato festivo para a filiação de Marta, com a presença de Lula e Boulos.

A intenção é passar uma borracha em mágoas do passado e entusiasmar a militância a acolhê-la mesmo após o traumático rompimento, que incluiu voto da então senadora pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT).

Segundo interlocutores da ex-prefeita, um vídeo divulgado no fim de dezembro em que Nunes diz querer o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deu a oportunidade para que ela, que sempre fez oposição ao bolsonarismo, abandonasse o emedebista.

Além disso, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou, também no fim de dezembro, que seu partido e o ex-presidente estarão na campanha de Nunes – ficou acertado que Bolsonaro definiria o nome do vice.

Questionado pela Folha de S.Paulo sobre a saída de Marta, Nunes afirmou mais cedo que não via um fato novo que justifique a mudança da ex-prefeita.

“Não tem um fato novo, eu sempre falei de forma transparente do apoio do ex-presidente. Isso foi amadurecendo. Não é algo que apareceu agora, já é público para todo mundo”, disse Nunes nesta terça-feira, enumerando seus encontros com Bolsonaro ao longo do ano passado. “Temos uma relação muito boa, de amizade. A Marta é minha conselheira.”

A ex-prefeita foi um dos principais nomes do PT, tendo sido eleita para a prefeitura em 2000. Ela acabou sendo derrotada por José Serra (PSDB) na tentativa de se reeleger, em 2004. Disputou o comando da capital paulista outras duas vezes, em 2008 e 2016, mas não conseguiu voltar ao posto.

Após ter sido ministra do Turismo no segundo mandato de Lula na Presidência, se eleger para o Senado em 2010 e ser ministra da Cultura do primeiro mandato de Dilma, Marta rompeu com o PT e deixou a sigla em 2015. No ano seguinte, 2016, votou a favor do impeachment da petista.

Marta passou pelo MDB e Solidariedade e está, atualmente, sem partido. Ela chegou à Secretaria Municipal de Relações Internacionais depois de se engajar na campanha de Bruno Covas (PSDB) em 2020.

A ex-prefeita se reaproximou de Lula e do PT a partir de 2019 e, na campanha de 2022 chegou a ser cogitada para a vice do na chapa presidencial do petista, antes da bem-sucedida articulação com Alckmin. No segundo turno, atuou para consumação do apoio de Simone Tebet a Lula.

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