Netanyahu reitera oposição a qualquer tentativa de criação de Estado palestino

A criação de um Estado palestino colide com a ideia de soberania, e o premiê precisa ser capaz de dizer não aos nossos amigos", adendou.

Folhapress Folhapress -
Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. (Foto: Reprodução/Instagram)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Pressionado por nações árabes e pelos Estados Unidos, aliado de longa data de Israel, o premiê Binyamin Netanyahu reafirmou nesta quinta-feira (18) que seu governo se opõe à criação de um Estado palestino em qualquer um dos possíveis cenários para o pós-guerra.

Bibi, como é conhecido o primeiro-ministro, falava a jornalistas e também afirmou ter transmitido esse posicionamento -no mais, já muito conhecido- ao governo do presidente Joe Biden, segundo relatos da agência de notícias Associated Press.

À medida que a guerra entre Tel Aviv e a facção terrorista Hamas na Faixa de Gaza passa de cem dias, Washington vem pressionando o governo israelense a reduzir os ataques aéreos e terrestres contra a faixa palestina e vem alegando que o estabelecimento de um Estado para os palestinos deve fazer parte do “dia seguinte” ao pós-guerra.

“Em qualquer acordo futuro, Israel precisa ter controle de segurança sobre todo o território a oeste do [rio] Jordão”, disse Netanyahu. “[A criação de um Estado palestino] colide com a ideia de soberania, e o premiê precisa ser capaz de dizer não aos nossos amigos”, adendou.

Newsletter Lá fora Receba no seu e-mail uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo *** Também nesta quinta, o Departamento de Estado americano afirmou não ver formas possíveis de resolver os desafios de segurança no Oriente Médio a longo prazo, nem os desafios da reconstrução de Gaza destruída pela guerra, sem a criação de um Estado palestino.

Matthew Miller, um porta-voz da pasta, afirmou que Washington vê o momento atual como a melhor oportunidade para que Israel aceite fazer isso, já que os países do seu entorno se mostram prontos para fornecer garantias de segurança a Tel Aviv caso isso seja feito.

Como mostrou reportagem do Financial Times, países árabes estão trabalhando para garantir um cessar-fogo na guerra e a libertação dos mais de cem reféns israelenses ainda mantidos em Gaza pelo Hamas.

A iniciativa contaria também com a normalização dos laços dessas nações, em especial a Arábia Saudita, com Israel, e teria como principal contrapartida a exigência de que Tel Aviv concordasse com a criação do Estado palestino.

Ainda que muito defendida na arena internacional, a chamada solução de dois Estados, que apregoa a criação do Estado para os palestinos e a manutenção do Estado de Israel, vem perdendo tração entre aqueles que teriam suas vidas diretamente afetadas.

O apoio à proposta alcançava apenas um terço da população em ambos os lados antes de ter início a atual guerra, em outubro passado. O Brasil historicamente tem sido um dos países que defende a solução dos dois Estados, por exemplo.

Maioria de palestinos e israelenses rejeita solução de dois Estados A ideia de dividir a região entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo em um Estado para judeus e outro para árabes não é novidade.

Em 1947, um ano antes da fundação de Israel, a Assembleia-Geral da ONU aprovou a partilha da Palestina, então sob mandato britânico. Não houve consulta à população local, e o plano não se concretizou.

A proposta ganhou novo fôlego em 1993, quando os Acordos de Oslo criaram a Autoridade Nacional Palestina (ANP), espécie de governo transitório que deveria ser sucedido por um Estado palestino na Cisjordânia, em Jerusalém Oriental e na Faixa de Gaza, territórios sob ocupação militar de Israel desde 1967.

O plano, mais uma vez, não virou realidade. Tel Aviv expandiu a presença de colonos nos territórios ocupados e, desde então, há registros de aumento na violência contra os palestinos, o que inclui restrições de movimento, encarceramento em massa e assassinatos.

O atual governo de Netanyahu, homem que por mais tempo ocupou o cargo de primeiro-ministro em Israel (ainda que com pausas entre um mandato e outro), é considerado o mais radical da história de país.

Alguns de seus membros, estritamente ligados a grupos de colonos israelenses nos territórios ocupados, pregam um discurso radical contra palestinos, a quem chamam, de uma maneira genérica, de terroristas.

Também por isso a perspectiva de uma solução de dois Estados se tornou ainda mais distante.

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