Goianas mostram que lugar de mulher é onde ela quiser

Portal 6 compilou histórias marcantes para celebrar data tão especial

Davi Galvão Davi Galvão -
Layza Gadia e Elisângela são exemplos de mulheres que se tornaram referência em áreas geralmente ocupadas por homens. (Foto: Edição/ Portal 6)

Nesta sexta-feira (08), comemora-se o Dia Internacional da Mulher, data marcada, em especial, pela luta e desafios enfrentados por mulheres ao redor de todo o mundo.

Atualmente, é inegável que diversos espaços, outrora inalcançáveis ao sexo feminino, estão aos poucos sendo conquistados, com muita garra.

Quem bem sabe desses desafios que as mulheres enfrentam, ainda mais ao ousarem estar em um ambiente que tradicionalmente não as aceitam, é a goiana Layza Gadia Assunção, de 29 anos.

Pilota de kart, dentre todos os demais atletas, ela é a única competidora do sexo feminino a disputar o Campeonato Estadual Goiano e contou, em entrevista ao Portal 6, os motivos que tornam o esporte quase que exclusivo para homens.

“É uma prática predominantemente masculina. O cheiro de gasolina, você se suja, o volante é pesado. Muitas mulheres se sentem desconfortáveis. Mas essa não é nem de longe a pior parte”, revelou.

Layza afirmou que, apesar de já ter construído uma história considerável nos kartódromos, são diversos os colegas de pista que ainda a tratam de forma agressiva.

“Não são todos, tenho vários amigos que correm comigo. Mas tem muita gente ainda que pensa ‘não, não posso perder para uma mulher’ e jogam sujo, ultrapassam quase batendo, coisa que eles não fazem com homens”, desabafou.

Apesar disso, a alegria e certeza de que está onde deveria, fazem tudo valer a pena.

“Meu pai era piloto de moto. Está no meu sangue. Sempre gostei da adrenalina. Lembro que na primeira vez que pilotei um kart eu esqueci o mundo, era só eu e a pista”, contou.

Elisângela Duarte, de 31 anos, também ocupa uma posição onde não é comum ver tantas mulheres. A goiana é gerente de manutenção e automação da rede de distribuição da Equatorial, já há dois anos. Atualmente ela trabalha à frente de um time de 22 pessoas, sendo 19 homens e apenas três mulheres.

“Iniciei em distribuição de energia como estagiária em 2016 e hoje, como engenheira eletricista, passei a construir meu caminho em um universo majoritariamente masculino. Neste cenário, como mulher, percebo o quão desafiador é a profissão. Desde a faculdade precisei aprender a ser clara, objetiva e sempre precisar conhecer mais que meus colegas homens. E na liderança os desafios são infinitamente maiores”, afirmou.

“Como neta de um eletricista e filha de um eletrotécnico, aprendi a conhecer e amar redes elétricas e nunca abaixar minha voz por ser mulher. Sou extremamente orgulhosa de poder ajudar a formar novas engenheiras eletricistas e eletrotécnicas”, finalizou.

Essas dificuldades, especialmente em ser levada a sério por outros colegas, é algo que a goianiense Larissa Santos de Azevedo, de 25 anos e product manager na área de tecnologia da informação, entende bem.

Apesar de ocupar uma posição bastante elevada, ela contou à reportagem que isso não a blinda de certas discriminações, muitas vezes veladas.

“Hoje não tem como ser ‘na cara’, falar que por eu ser mulher eu não sei das coisas. Mas a gente vê em uma reunião, quando falam que está difícil de entender o que eu digo, ou quando falam que eu não compreendi, de fato, o problema, quando dou uma sugestão boa e não me levam a sério”, exemplificou.

Mesmo com todas as dificuldades, ela também garante que, no final, a sensação de estar em uma posição de destaque e renome faz tudo valer a pena.

Para a geração que vem aí, ela também deixou um conselho, especialmente para as garotas:

“Não vou falar que vai ser fácil, que ninguém vai te subestimar ou te tratar diferente por ser mulher, porque vão. Mas está na mão de vocês. Se vocês não ocuparem esses lugares, outros homens vão, e tudo vai continuar do jeito que está. A gente precisa de vocês aqui”, concluiu.

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