Os absurdos que ginecologista preso em Anápolis teria dito e feito com duas pacientes no consultório

Portal 6 teve conhecimento de dois casos que ilustram a gravidade das denúncias contra o médico que já foi condenado por crime sexual

Karina Ribeiro Karina Ribeiro -
Os absurdos que ginecologista preso em Anápolis teria dito e feito com duas pacientes no consultório
Imagem do médico ginecologista Nicodemus Junior Estanislau Morais no momento em que foi preso dentro de consultório em Anápolis. (Imagem: Divulgação/PCGO)

Perguntas inapropriadas e desconcertantes sobre a vida íntima das pacientes, como, por exemplo, há quanto tempo a pessoa sentiu orgasmo e qual a frequência sexual delas com o companheiro eram apenas algumas das formas utilizadas pelo ginecologista Nicodemos Junior Estanislau Morais.

O médico foi preso na última quarta-feira (29) na própria clínica no qual prestava serviço em Anápolis.

Ele é investigado por violação sexual mediante fraude e, até a manhã desta quinta-feira (30), 26 mulheres já entraram em contato com Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM).

O Portal 6 conheceu o teor de alguns relatos, que detalham que a forma de agir era repetitiva. Para impedir a identificação das vítimas, a reportagem deu nomes fictícios a elas.

“Aulas de sexo”

Enquanto examinava Maria de Jesus, Nicodemos teria começado a fazer perguntas totalmente fora da realidade de um ambiente de consulta ginecológica.

“Com quantos homens você já ficou? Como é seu relacionamento com seu marido? Você que procura seu marido ou ele te procura? Você sabe que tem site que tem aulas de sexo?”

Nesse momento, conforme a vítima, o médico estava realizando o exame transvaginal.

“Vou tirar o aparelho, mas você continua do mesmo jeito”. Em resumo, ele teria inserido dois dedos na vagina da paciente e dito para ela ficar se contraindo. “Você precisa fazer desse jeito”, contou a vítima.

 

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“Ponto G”

Situação semelhante foi vivenciada por Márcia Gomes. Neste caso, no momento do exame, o médico teria pedido para ela mexer o quadril enquanto dizia que era para mostrar onde ficava o ponto “G”.

Em seguida, ele teria dito que ‘o homem excita muito rápido e mulher é demorado. Primeiro a cabeça, com chocolates e depois no ouvido com palavras de sacanagem e depois é pele, seios e depois a vagina´.

De acordo com ela, o ginecologista pediu para Márcia ficar em pé, se aproximou e ficou falando baixo próximo ao ouvido dela.

Depois, teria tocado o corpo da paciente, pegado a mão da vítima e colocado no pênis, afim de que ela sentisse que ele estava excitado.

Nesses casos, depois das reações da mulher, elas contaram que o médico ainda tentava acalmá-las mostrando sites sobre técnicas sexuais. Mesmo tudo isso se passando dentro de um consultório, Nicodemos ainda teria frisado que estava falando na condição de homem e não de médico.

Condenação

O ginecologista de 41 anos já havia sido condenado por violação sexual mediante fraude no Distrito Federal, mas estava cumprindo em liberdade.

A DEAM de Anápolis também tomou conhecimento de denúncias contra o profissional registradas no Pará e no Paraná. Em nota recente, a defesa informou que aguarda ter acesso aos total ao autos de inquérito.

“Até onde a defesa teve acesso consta somente o simples exercício profissional do médico Dr. Nicodemos, especialista em ginecologia. O médico em nenhum momento realizou qualquer tipo de procedimento médico com cunho sexual”, garantiu.

Novamente procurado pelo Portal 6 na manhã desta quinta-feira (30), o advogado Carlos Eduardo Gonçalves Martins reafirmou que ainda precisa se inteirar do que a Polícia Civil investiga.

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