Papa Francisco continua em estado crítico, diz Vaticano
Este é o décimo dia de internação no hospital Agostino Gemelli, em Roma
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MICHELE OLIVEIRA
ROMA, ITÁLIA (FOLHAPRESS) – O papa Francisco dormiu e está descansando, depois de uma noite passada bem. É o que diz a nota divulgada pelo Vaticano nesta manhã (24), pouco depois das 8h (4h em Brasília). Este é o décimo dia de internação no hospital Agostino Gemelli, em Roma.
Segundo fontes do Vaticano, o papa se alimenta normalmente, sem nutrição artificial, e estava de bom humor nesta manhã. Continua com o tratamento farmacológico e não sente dores. O desconforto que sentiu no sábado (22), quando o boletim falava em “sofrimento”, referia-se às dificuldades respiratórias, que teriam sido contornadas com o oxigênio suplementar.
Um boletim mais detalhado é esperado para o começo da noite.
Nesta segunda, às 21h (17h de Brasília), o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado da Santa Sé, vai conduzir um rosário na praça São Pedro para rezar e manifestar solidariedade ao papa. Ele é um colaborador próximo de Francisco. Devem participar demais cardeais que moram em Roma e funcionários da Cúria Romana, o braço administrativo do Vaticano.
Na noite de domingo (23), o cardeal Matteo Zuppi, presidente da Conferência Episcopal Italiana, alinhado a Francisco, já havia celebrado uma missa para o pontífice em Bolonha. “Queremos nos unir ao Santo Padre, pedindo ao Senhor que o apoie neste momento de sofrimento, para que encontre alívio e possa se recuperar o mais rápido possível”, disse Zuppi.
Na véspera, as condições de saúde de Jorge Mario Bergoglio, 88, tinham se agravado diante de uma crise respiratória asmática, que exigiu a aplicação de oxigênio suplementar. O papa também precisou de transfusões de sangue porque os testes mostraram que ele tinha uma baixa contagem de plaquetas.
Já no domingo, o boletim dizia que ele não tinha tido novas crises respiratórias, mas apresentava sinais de insuficiência renal. Sua condição continuava crítica, e a recuperação era incerta. “Exames de sangue indicam um início leve de insuficiência renal, que, por ora, está sob controle”, disse o informe, acrescentando que o pontífice está recebendo oxigênio por meio de cânulas nasais.
O texto afirmava ainda que, em resposta às “duas unidades de concentrado de hemácias” que Francisco havia recebido nas transfusões de sangue no dia anterior, houve aumento nos níveis de hemoglobina, a proteína do sangue responsável por transportar o oxigênio dos pulmões para o resto do corpo, amenizando a situação de anemia. Não foram feitas novas transfusões.
O papa continua sem febre, alerta e bem orientado. O texto não fez referência a uma situação de sepse, quando uma infecção atinge a corrente sanguínea e provoca uma resposta inflamatória exacerbada do organismo, mas esse ainda é um risco temido pela equipe médica.
Segundo a equipe médica, “a complexidade do quadro clínico e o tempo necessário para que as terapias medicamentosas apresentem alguma resposta tornam necessária a manutenção do prognóstico reservado”. Ou seja, os médicos seguiam cautelosos, com previsão incerta sobre a recuperação.
Como sinal positivo, o papa participou, na manhã de domingo, de uma missa na capela que faz parte do apartamento que ocupa no décimo andar do hospital.
Depois de evidente dificuldade respiratória em eventos públicos desde o início de fevereiro, o papa foi internado no dia 14 com sintomas de bronquite. Exames depois revelaram a existência de uma infecção polimicrobiana e pneumonia bilateral. O equilíbrio da terapia farmacológica é um desafio, disseram os médicos na sexta (21), na única entrevista coletiva até o momento.
No domingo, além dos turistas habituais, a movimentação na praça São Pedro ficou marcada pelo vaivém dos peregrinos que visitam a capital italiana para participar do Jubileu da Igreja, evento que ocorre a cada 25 anos. Neste fim de semana, mais de 3.000 pessoas participaram do Jubileu dos Diáconos.
Durante a missa matinal que deveria ter sido celebrada por Francisco na basílica São Pedro, o arcebispo Rino Fisichella pediu orações pelo pontífice argentino. “Na celebração eucarística, onde a comunhão assume a sua dimensão mais plena e significativa, sentimos o papa Francisco, mesmo num leito de hospital, próximo a nós e presente entre nós”, disse o italiano.