Temer monta estratégia para tentar barrar provável acusação de Janot

Para impedir a investigação, presidente precisará de pelo menos 172 dos 513 deputados

Da Redação Da Redação -

Passado o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e confirmada a projeção de absolvição de Michel Temer, o governo vai investir na arrumação de sua base, na tentativa de barrar no Congresso a já esperada denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Convencido de que Janot o acusará perante o Supremo Tribunal Federal (STF), Temer montou uma estratégia para dar aos deputados e senadores o que eles quiserem – de cargos à liberação de emendas – e avalia até mudanças ministeriais.

Se Janot denunciar Temer – tomando como base delações do empresário Joesley Batista, dono da JBS -, o Supremo terá de obter autorização da Câmara para abrir ação penal contra ele. Para impedir a investigação, o presidente precisará de pelo menos 172 dos 513 deputados.

Dividido, o PSDB parece cada dia mais próximo do desembarque do governo, mas a decisão final será tomada na segunda-feira (12), em reunião do Diretório Nacional, com a presença de governadores. No Palácio do Planalto há preocupação não apenas com a possível saída dos tucanos, mas também com o “efeito dominó” em outros partidos.

É com esse diagnóstico que Temer articula uma operação “segura base”, intensificando contatos com aliados. Nesses encontros, o peemedebista dá explicações sobre as denúncias, diz ter caído em uma “armadilha” de Joesley, pede apoio e assegura que provará sua inocência.

“O presidente deixou claro para nós que usará todas as forças para não cair. Fará tudo o que for necessário para governar”, contou o senador Telmário Motta (PTB-RR). “Ele é muito habilidoso e sabe tratar o Legislativo. Vai ampliar o diálogo e fará as reformas que o mercado quer”, afirmou.

‘Horas incertas’

A bancada do PTB conversou com Temer na noite de anteontem, no Planalto. “Queremos ser os amigos certos das horas incertas”, disse Telmário, ao lembrar da música de Roberto Carlos.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que o Planalto espera “reciprocidade” dos aliados, sob o argumento de que a política é feita não apenas de bônus, mas também de ônus. “Será difícil apoiar o PSDB nas eleições de 2018 se o partido deixar a base do governo”, disse ele.

A declaração contrariou os tucanos. “Jucá deveria ficar preocupado com ele, e não com os outros. Quem decide pelo PSDB é o PSDB”, reagiu o líder do partido na Câmara, Ricardo Tripoli (SP). O partido controla, atualmente, quatro dos 28 ministérios. O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), afirmou que a legenda “não precisa de cargo e ministério para aprovar as reformas da Previdência e trabalhista”.

Questões

Temer enviará nesta sexta-feira as respostas às 82 perguntas da Polícia Federal após analisá-las com seu advogado Antonio Cláudio Mariz de Oliveira. As questões estão relacionadas ao inquérito em que o presidente é acusado de corrupção passiva, obstrução de Justiça e participação em organização criminosa.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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