Polícia prende padre goiano que prometia ‘recuperar’ virgindade de jovens

Conforme o Ministério Público, alguns dos abusos ocorreram dentro da própria casa paroquial

Da Redação Da Redação -

O padre Iran Rodrigo Souza de Oliveira foi preso nesta quarta-feira (16) em Caiapônia, na Operação Sacrilégio. A prisão foi determinada pelo Judiciário após investigações do Ministério Público que o acusa de abuso sexual contra jovens residentes em Americano do Brasil, município distrito judiciário de Anicuns.

A prisão do religioso ocorreu em Caiapônia, por cuja paróquia ele responde. Em seguida a polícia o levou Anicuns, onde prestaria depoimento ao MP durante esta tarde.

Investigação

A investigação apura, inicialmente, o crime de violação sexual mediante fraude (artigo 215 do Código Penal) e o previsto no artigo 241-B do Estatuto da Criança e do Adolescente (adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente). A partir da deflagração da operação, a apuração deve avançar ainda para verificar se teria havido também a prática de estupro de vulnerável (quando a vítima é menor de 14 anos).

Conduzida pelo MP, a apuração foi instruída com o depoimento das jovens que teriam sido abusadas pelo padre e também de amigos e familiares que conheciam as histórias.

Conforme os relatos, alguns dos abusos ocorreram dentro da casa paroquial de Americano do Brasil, no período em que o religioso esteve naquela paróquia.

Santificação 

Os depoimentos detalharam a estratégia que teria sido utilizada pelo padre para seduzir e convencer as vítimas a aceitar a prática do abuso. Conta uma das jovens, hoje com 17 anos,  que quando tinha 14 (em 2014) ela teria procurado o religioso e se confessado com ele por ter perdido a virgindade e estar arrependida. O padre, então, a teria questionado se, caso houvesse uma forma de ela recuperar a virgindade, ela aceitaria fazer o procedimento.

Com o “sim” da jovem, o religioso a teria orientado a ir em casa tomar banho e retornar depois à casa paroquial. Ao voltar, destacou a garota nas declarações ao promotor, o padre teria dito que faria um procedimento de “santificação” para que ela voltasse a ser virgem. Em seguida, teria solicitado que ela tirasse toda a roupa e a teria tocado em várias partes do corpo, seios, por exemplo, e também a genitália. O toque na vagina, segundo afirmado à vítima, teria como finalidade exatamente “santificar” o local para a recuperação da virgindade.

Esses contatos íntimos teriam continuado em outras ocasiões, como em um encontro religioso em Caldas Novas em 2015. Nessa ocasião, o padre teria explicado à jovem que iria tocá-la para conferir se “havia voltado a ser virgem”.

A jovem relatou ainda ao MP que trocou várias mensagens por aplicativo de celular com o religioso, nas quais ele a teria orientado a seguir um outro ritual de santificação, após o qual deveria lhe enviar, pelo celular, fotos de seu corpo nu, incluindo da vagina, visando comprovar a “santificação”. Essa troca de mensagens foi objeto do registro em uma ata notarial em cartório, medida aconselhada por uma amiga da garota, e também de uma medida judicial de interceptação telemática, que comprovou as conversas.

Com uma outra jovem ouvida pelo MP, os fatos, bem semelhantes, inclusive com o ritual da santificação, teriam ocorrido quando ela tinha 21 anos, também em 2014.

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