Santa Casa de Anápolis terá de indenizar adolescente que ficou tetraplégico por erro médico

Hospital também terá de pagar pensão até que a vítima complete 72 anos de idade

Danilo Boaventura Danilo Boaventura -

A Santa Casa de Misericórdia de Anápolis foi condenada nesta quinta-feira (19), pelo juiz Eduardo Walmory Sanches, a indenizar em R$ 200 mil um adolescente de 16 anos que ficou tetraplégico, devido à paralisia cerebral que ele sofreu ao nascer, fruto de erro médico. O hospital também terá de pagar pensão ao garoto até que ele complete 72 anos de idade.

O processo, que se arrastava na Justiça desde 2009, ano em que os pais da vítima ingressaram com a ação, detalha que a mãe, Valquíria Judith Guimarães, chegou ao hospital às 05h30 da manhã do dia 27 de setembro de 2001, já com dores de parto e foi mandada embora por um médico.

Por volta das 11h30, a mulher retornou, novamente, ao hospital sentindo fortes dores no pé da barriga, quando foi atendida por outro médico plantonista que a encaminhou para uma sala pré-parto. No local, Valquíria permaneceu por mais de duas horas até que surgiu uma enfermeira que lhe aplicou soro. Contudo, apesar das constantes reclamações de dores e contrações sentidas, nenhum médico foi atendê-la.

Somente por volta das 17h30, percebendo a agonia de Valquíria, um médico entrou no quarto para observar o motivo de tantas lamentações. Após o diagnóstico, solicitou urgentemente ajuda de enfermeiras para realizar o parto cesáreo, diante do grave quadro que se formou pela ausência de atendimento.

Após o parto, o recém-nascido apresentou quadro preocupante, sendo levado para incubadora, onde permaneceu por vários dias. Quando questionado pela mãe, o médico informou que havia ocorrido complicações com o bebê.

O recém-nascido foi mantido no hospital por alguns dias, sendo que, com o passar do tempo, os pais começaram a perceber que o bebê não se comportava como uma criança normal.

Tempos depois, inconformados com a explicação, o casal resolveu procurar ajuda na Rede Sarah de Hospitais, em Brasília, para entender o que realmente tinha acontecido com o filho.

Lá, após exames, a criança foi diagnosticada com problemas decorrentes da falta de oxigênio no cérebro, devido o retardamento do parto, provocado pelo corpo clínico da Santa Casa de Anápolis.

Inteirados da situação, os pais entraram na Justiça pedindo indenização contra o hospital.

No processo, a Santa Casa tentou derrubar a ação alegando que não poderia ser responsabilizada por nada e recorreu ao subterfúgio da “ilegitimidade passiva” para dizer que não houve erro médico algum, ‘pois a asfixia perinatal [quando há diminuição do fornecimento nutricional e metabólico da mãe para o feto] não ficou provada’.

O juiz, porém, ao analisar os autos, deu ganho de causa à família do adolescente por concluir que o serviço prestado pelo hospital foi defeituoso.

“O hospital e seu corpo médico, irresponsavelmente, permitiram que a mãe do autor, que já havia comparecido ao hospital de madrugada com fortes dores, voltasse para sua residência sem ao menos realizar um único exame de imagem na gestante que reclamava de fortes dores”, afirmou.

Para Eduardo Walmory, se pelo menos o exame de imagem tivesse sido feito, os danos à criança poderiam ter sido evitados. Por considerar que houve erro médico, o magistrado concedeu a indenização por danos morais e o pagamento de pensão até a velhice da vítima.

Veja na íntegra a decisão

Com a palavra a Santa Casa de Misericórdia de Anápolis

A reportagem do Portal 6, entrou em contato com a assessoria de imprensa do hospital, que ainda pode recorrer da sentença, mas até o momento não obteve retorno.

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