A máquina de costura que tenta colocar Dominguinhos na Presidência da Câmara Municipal

Portal 6 conversou com políticos e servidores do Legislativo anapolino, que tentam explicar as minúnicas do plano suspeito

Danilo Boaventura Danilo Boaventura -

Enquanto Brasília discute a sucessão dos dois presidentes das casas legislativas, após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir que eles não podem continuar no cargo, a Câmara Municipal de Anápolis vive outra realidade em seus bastidores.

É que tudo caminha para que o vereador Leandro Ribeiro (PP) seja reconduzido ao cargo da pior maneira possível, tendo como vice alguém com imagem “radioativa”, como preferiu definir um dos poucos edis reeleitos no pleito de 2020.

Domingos de Paula, conhecido nos bairros da região Leste de Anápolis como “Dominguinhos do Cedro”, tem um histórico controverso. Além de ser alvo de inquérito policial na Delegacia Especializada da Mulher (DEAM) de Anápolis, o ex-comerciante tem no currículo um mandato cassado pela Justiça Eleitoral em 2012.

Membro da tropa de choque de qualquer governo de plantão, ele desperta ojeriza na maioria das vereadoras eleitas ouvidas pela reportagem do Portal 6. A partir de 2021, Anápolis terá a maior bancada de mulheres da história.

Igual repulsa tem outros membros da Câmara da atual e da próxima legislatura, que apresentam teses nada amistosas para explicar o porquê de Leandro Ribeiro bater o pé para que o colega seja o primeiro a substituí-lo quando ele não estiver presente.

“Por algum motivo que ele não quer explicar com clareza, o Dominguinhos está sendo colocado na vice. Mas o pior é o plano por trás”, reservou um dos vereadores que, assim como ele, está indo para a terceira temporada na Câmara.

O Portal 6 confirmou a mesma versão com outros políticos e servidores do Legislativo Municipal, que acompanham as minúcias da costura do tal “plano”.

Eleito presidente para o primeiro biênio 2021-2022, Leandro Ribeiro pode assumir alguma secretaria em nível estadual e se licenciar do cargo. Por incrível que pareça, o regimento interno da Câmara Municipal de Anápolis permite tal manobra sem que o eleito ao comando da Casa perca o cargo de comando.

“É só se licenciar e voltar quando quiser”, explicou um dos ex-presidentes à reportagem. Simples assim.

Desse modo, Dominguinhos realizaria o sonho de sentar na principal na principal cadeira sem ter um voto sequer para isso.

“Ele jamais seria escolhido para a principal função”, garante um dos colegas da atual legislatura que dessa vez não foi reeleito, mas está ali há mais de uma década.

A partir de 2021, mais de 60% da Câmara Municipal terá rostos novos. São vereadores eleitos no esteio da chamada “renovação”.

Eles, sozinhos, têm quase o dobro de votos que os nove atuais legisladores que foram reeleitos no último dia 15 de novembro e fariam fácil um novo presidente da Câmara que possa retribuir o sentimento depositado pelos anapolinos nas urnas.

Os 14 novatos se submeteriam à estranha força interna de Leandro Ribeiro para bancar alguém como Domingos de Paula, que pode exercer a Presidência por longos meses enquanto o titular se aventura em outra missão?

Os mais otimistas respondem que ainda faltam alguns dias para a posse, em 1º de janeiro, e que até lá muita coisa pode acontecer.

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