Candidatos no Peru endurecem o discurso em debate presidencial do 2º turno

Segundo turno ocorre em 6 de junho entre Pedro Castillo e Keiko Fujimori

Folhapress Folhapress -
(Foto: Reprodução/ Twitter)

Sylvia Colombo, de Buenos Aires – Tensão e troca de ataques marcaram o tom do primeiro debate do segundo turno presidencial no Peru.

Depois de desencontros sobre as regras e o local do evento, ambos os candidatos haviam combinado que este se daria na Plaza de Armas de Chota, cidade do departamento de Cajamarca que é a terra-natal do sindicalista e professor de esquerda Pedro Castillo, 51.

Vencedor do primeiro turno, ele enfrentará no pleito final a direitista Keiko Fujimori, 45, ex-congressista e filha do autocrata Alberto Fujimori (1990-2000).

O segundo turno ocorre em 6 de junho.

“Tive de vir até aqui para que o senhor aceitasse debater comigo. Espero que isso signifique que agora irá aceitar realizar os outros quatro debates estipulados pelo órgão eleitoral”, disse Fujimori, ao subir ao palco, sob vaias dos apoiadores de Castillo.

Castillo havia chegado ao palco montado na praça 10 minutos antes da 13h (15h no Brasil). Dançou, fez acenos ao público e depois passou a fazer gestos com as mãos, batendo o dedo no pulso, para indicar que Fujimori estava atrasada.

A candidata encontrou dificuldades para chegar ao local, primeiro porque ficou presa no trânsito, mas depois porque foi bloqueada pelos apoiadores de Castillo em sua caminhada ao cruzar a praça e subir no palco.

Havia eleitores seus no local, mas em número menor. Segundo a rádio RPP peruana, três quartos da praça estavam tomados por seguidores de Castillo, e um quarto pelos fujimoristas. Regras sanitárias foram descumpridas, houve aglomeração e falta de uso de máscaras.

O moderador do evento começou a apresentá-lo antes de que Fujimori chegasse, sob protestos de seus assessores, que já estavam no local. O debate começou com 34 minutos de atraso.

Os debatedores trocaram farpas todo o tempo. “Para vir até aqui, eu apenas pedi licença no meu trabalho, enquanto a senhora teve de pedir uma permissão para a Justiça”, afirmou Castillo, referindo-se ao processo de corrupção pelo qual responde Fujimori.

“Como todos os comunistas, o senhor falta com a verdade, e esconde que seu partido está ligado à corrupção”, disse ela. A candidata também afirmou que os grupos de auto-defesa que Castillo defende, os chamados “ronderos”, estão vinculados a “atos de terrorismo”.

Quando discutiam a pandemia do coronavírus, ambos fizeram propostas ambiciosas. “Já conversei com o embaixador russo e vamos ter 20 milhões de doses (da vacina Sputink V) para aplicar quando assumirmos”, disse Castillo.

O vencedor das eleições tomará posse em 28 de julho.

Fujimori afirmou: “Também falei com o embaixador russo, e prometo vacinar todos os peruanos até o fim do ano”.

Os dois vestiram-se com as cores do Peru. Fujimori com uma camiseta da seleção nacional, e Castillo com uma jaqueta branca com listras vermelhas e a palavra “Peru”.

Quando debateram a estrutura de funcionamento do poder, Castillo voltou a afirmar que iria acabar com a Defensoria do Povo, com o tribunal constitucional e com a atual Constituição, estabelecendo uma assembleia para redigir uma nova Carta. Já Fujimori afirmou que “como não tem nenhuma ideia, o senhor Castillo quer apenas destruir as instituições que existem, em vez de apresentar propostas”.

No lugar disso, disse que proporia o retorno de políticas assistencialistas, como o Prona, que havia nos anos do governo de seu pai, e que construiria 3 mil escolas “assim como meu pai construi 3 mil escolas”. Castillo afirmou querer reformar também a Justiça, com “eleições populares para os cargos de juiz”.

Ambos defenderam em mais de uma ocasião a família como base da sociedade, e prometeram combater a chamada ideologia de gênero.

Com relação à segurança, Fujimori disse que teria a “mão firme das mães” e que construiria mais prisões. Castillo, que em sua gestão, os presos terão de trabalhar, mas que era preciso ver a delinquência “em vários níveis” e que era necessário punir “não apenas os delinquentes que estão nas prisões, mas também os delinquentes que estão no poder”.

Ambos coincidiram também em aplicar restrições para a entrada de estrangeiros no país _o Peru é dos que mais recebem imigrantes venezuelanos na região, depois da Colômbia. Fujimori prometeu ser mais rigorosa na vigilância dos pedido de radicação no país, enquanto Castillo afirmou que “o estrangeiro que cometer um delito no Peru será expulso em 72 horas”.

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