Sobe a ocupação de leitos e especialistas alertam para 3ª onda e novas restrições em Anápolis

Descuido generalizado com as medidas sanitárias e a disseminação de novas variantes são apontados como fatores que antecipam este cenário

Denilson Boaventura Denilson Boaventura -
Centro de Anápolis. (Foto: Divulgação/Secom)

Sinal amarelo. Anápolis inicia o mês de junho com aumento na ocupação de leitos e alerta das autoridades sanitárias e especialistas para uma terceira onda, que consequentemente acarretará na imposição de novas medidas de restrição.

Antes estabilizado na casa dos 40%, o percentual de leitos de enfermaria e UTI saltou nesta semana para respectivamente 60% e 50%. Em números, cerca de 70 das 109 enfermarias encontram-se com pacientes – assim como 50 das 93 UTIs.

O secretário municipal de Saúde Júlio César Spíndola, em entrevista à São Francisco FM nesta segunda-feira (31), foi categórico ao comentar os números. “Se a população não ajudar, eles continuarão a subir e a tendência é que o nível da matriz de risco mude”.

Atualmente no grau leve, o mais brando, o sistema determina que a Prefeitura de Anápolis aumente as restrições para o grau moderado caso a ocupação de leitos ultrapasse 70%. Segundo Júlio, a avaliação é feita diariamente pelos técnicos da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), que reconhecem que a terceira onda pode chegar mais cedo.

Estados das regiões Sul e Sudeste já declararam que estão nesta fase e a previsão da Semusa era de que Anápolis só começasse a sentir os efeitos a partir de agosto. No entanto, o descuido generalizado com as medidas sanitárias e a disseminação de novas variantes têm aumentado a preocupação.

Levantamento da pasta realizado a pedido do Portal 6 mostra que até o momento não há registros da cepa indiana em solo local. Já as variantes de Manaus e da Inglaterra circulam na cidade há algum tempo.

Médico infectologista que atua na linha de frente contra a Covid-19, Marcelo Daher explica porque as mutações do novo coronavírus são mais perigosas.

“Essas variantes têm uma maior facilidade de ser transmitida de uma pessoa para outra. E além da transmissão ser mais fácil, elas também podem ter sintomas mais agressivos que a linhagem inicial de Wuhan [na China]”, destacou o profissional, ressaltando que uma forma de contenção poderia ser a ampliação da testagem.

A Semusa tem a mesma avaliação, mas os laboratórios demoram mais de dois meses para entregar os resultados que identificam pacientes infectados com alguma variante. “Assim, não é possível bloquear mais”, admitiu.

Ainda durante a entrevista à emissora, Júlio projetou que a terceira onda deve ser menos intensa que a segunda. Nos meses de março e abril, os mais sombrios e letais da pandemia em Anápolis, foram registrados um total de 590 óbitos na cidade, quantidade superior às mortes por Covid-19 de todo o ano de 2020.

Marcelo Daher não acredita que uma quantidade tão expressiva como essa volte a ser contabilizada. “As mortes na terceira onda, sem dúvidas, devem ser menor pelo fato de a maioria das pessoas do grupo de risco [idosos e pessoas com comorbidades] já se terem vacinado”.

*Colaborou Rafaella Soares

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