Americano morre após ter vaga em UTI negada em 43 hospitais sobrecarregados pela Covid

Na despedida, família fez apelo para pedir que as pessoas se vacinem contra a doença

Folhapress Folhapress -
UTI de Covid-19 (Foto: Zanone Fraissat/Folhapress)

A família de um americano morto em 1º de setembro em decorrência de um problema cardíaco tenta fazer do luto que a atingiu um apelo para que os relutantes aceitem receber a vacina contra o coronavírus nos Estados Unidos, segundo reportagem do jornal Washington Post publicada nesta segunda-feira (13).

Ray DeMonia, 73, teve uma emergência cardíaca em 23 de agosto. Ao ser internado em um hospital em Cullman, cidade com pouco mais de 15 mil habitantes no Alabama, no sul do país, iniciou-se uma busca por um leito de UTI onde ele pudesse receber o atendimento especializado de que necessitava.

Em cerca de 12 horas, os médicos de Cullman entraram em contato com 43 hospitais em três estados em busca de uma vaga para DeMonia, mas só receberam respostas negativas devido à lotação provocada por pacientes com Covid-19.

Embora os dados do Departamento de Saúde Pública do Alabama apontem para a estabilização do número de hospitalizações por coronavírus, a demanda por leitos de UTI em decorrência da doença ainda é maior que a quantidade de vagas disponíveis. Além disso, 94% dos internados e 96% dos mortos por Covid no estado são pacientes que não se vacinaram, segundo dados da associação de hospitais e da secretaria de saúde.

DeMonia conseguiu uma resposta positiva na 44ª tentativa e foi transferido para um hospital em Meridian, no Mississippi, a 312 km de Cullman. Três dias antes do aniversário em que completaria 74 anos, porém, ele não resistiu às complicações.

O fato de DeMonia ter sido uma vítima indireta do coronavírus levou a família a fazer um adendo em seu obituário. Além de mencionar sua carreira como negociador de antiguidades e leiloeiro, o texto em sua memória faz um apelo pela imunização.

“Em homenagem a Ray, por favor, seja vacinado, caso ainda não tenha feito, em um esforço para liberar recursos para emergências não relacionadas à Covid”, diz o memorial.

Segundo dados da Universidade Johns Hopkins, os que estão completamente imunizados representam apenas 40,42% da população do Alabama. A baixa adesão à campanha coloca o estado na quarta posição entre os menores índices dos EUA, atrás de Idaho, Virgínia Ocidental e Wyoming, de acordo com um levantamento realizado pelo Washington Post.

A filha de DeMonia, Raven, disse ao jornal que espera que a história de seu pai sirva de alerta para que as pessoas não precisem passar pelo que sua família passou. Apesar disso, ela diz não criar muitas expectativas acerca do apelo feito no obituário.

“Papai gostaria que tudo voltasse ao normal. Se as pessoas percebessem a pressão que os recursos hospitalares estão sofrendo agora, isso seria realmente incrível. Mas não sei se isso vai acontecer.”

A vacinação também tem ganhado contornos políticos no Alabama, com um novo capítulo mais acentuado depois que Joe Biden anunciou, na semana passada, um novo conjunto de medidas que envolve ações contra autoridades estaduais que estiverem minando os esforços contra a Covid-19.

“Se esses governadores não nos ajudarem a vencer a pandemia, usarei meu poder como presidente para tirá-los do caminho”, disse Biden.

A governadora do Alabama, Kay Ivey, do Partido Republicano, respondeu à declaração em tom desafiador. “Estou tão forte quanto um touro pelo Alabama contra esse ultrajante exagero de Washington. Manda ver”, disse ela em uma publicação nas redes sociais.

Mais tarde, Ivey acrescentou que sempre incentivou a população do estado a se vacinar, mas que nunca tornaria a imunização obrigatória. “Certamente não vamos permitir que Washington e este presidente digam ao Alabama o que fazer. Aqui não toleramos esse absurdo.”

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