Anápolis declara guerra contra bêbados no trânsito com tolerância zero e punições severas

94 mães tiveram de enterrar seus filhos, que foram as vítimas deste ano, e as ações para evitar a repetição deste cenário em 2022 já começaram

Denilson Boaventura Denilson Boaventura -
Blitz de conscientização teve a Praça Dom Emanuel como ponto de partida. (Foto: Reprodução)

O choro e o grito de mais de 90 mães que viram os filhos saírem de casa e não tiveram a chance de abrir o portão para que eles pudessem entrar novamente foi ouvido.

São mães dos quatro cantos de Anápolis que neste ano, de acordo com balanço da Delegacia Especializada em Investigação de Crimes de Trânsito (DICT), sofreram a dor de perder um filho por alguma irresponsabilidade que poderia ser evitada.

Estamos falando das 94 mortes no trânsito registradas no município apenas em 2021, das quais grande parte delas foram vinculadas à embriaguez ao volante.

E foi por essas mães que Anápolis declarou guerra nesta quinta-feira (02). Uma guerra pela vida que começou com uma blitz de conscientização na Praça Dom Emanuel e se estenderá por todo o ano de 2022.

Nesta luta, unem forças a DICT e todas as oito promotorias criminais do Ministério Público (MP) instaladas na cidade. Tolerância zero é a palavra de ordem e punições severas serão as armas usadas.

“O que a Lei Maria da Penha fez no passado, mudando o cenário jurídico com relação à violência contra a mulher, essas mães estão fazendo agora em Anápolis”, disse o delegado Manoel Vanderic em entrevista ao Portal 6 e a Rádio São Francisco.

“Graças aos gritos delas, esses assassinos – porque matar alguém no trânsito por estar bêbado não é acidente nem fatalidade – serão tratados como tal”, acrescentou o titular da DICT.

O total de 805 prisões em flagrante por crimes de trânsito foi contabilizado até novembro de 2021 e, segundo a promotora de Justiça Adriana Marques Thiago, cerca de 80 denúncias por semana são realizadas pelas promotorias criminais do município.

“De alguma maneira temos que fazer com que as pessoas se sensibilizem e se não for pelo lado educativo, como nesta blitz e outras ações que vamos ter ao longo de 2022, será pelo lado punitivo”, frisou a representante do MP.

Delegado Manoel Vanderic e promotora Adriana Marques Thiago: DICT e MP juntos contra a impunidade. (Foto: Reprodução)

Principalmente para quem fizer vítimas fatais no trânsito, a punição severa virá logo no início: cadeia e indiciamento por homicídio doloso, em que se tem a intenção de matar.

Outros crimes com embriaguez ao volante também não sairão ilesos. Quem se envolver por imprudência deverá arcar com pelo menos R$ 10 mil de imediato entre multas, fiança, custas com advogados e acordos de não persecução penal.

Valores, lembram a promotora de Justiça Adriana Marques Thiago, considerados mínimos de tabela e que tendem a aumentar conforme o poder aquisitivo de quem praticar o crime.

“Não podemos permitir que mais mães passem por esse sofrimento. Se nossas ações forem capazes de proteger pelo menos uma vida já valeu a pena”, sublinha o delegado Manoel Vanderic.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.