Tragédia em Capitólio (MG) impacta turismo na região

Tragédia, ocorrida no sábado (8), aconteceu em um momento de grande expectativa pela retomada dos negócios para o setor às margens do reservatório, um dos principais pontos turísticos do estado

Folhapress Folhapress -
(Foto: Divulgação/ Corpo de Bombeiros)

Leonardo Augusto, de MG – Com cancelamentos de até 100% em pacotes de viagens e passeios, empresários do setor de turismo em Capitólio, em Minas Gerais, registram queda no movimento na região depois da morte de dez pessoas atingidas quando passeavam de lancha por parte de um cânion que desmoronou em braço do lago de Furnas.

A tragédia, ocorrida no último dia sábado (8), aconteceu em um momento de grande expectativa pela retomada dos negócios para o setor às margens do reservatório, um dos principais pontos turísticos do estado.

Isso porque, com a falta de chuvas, o lago registrava baixo nível de água até parte da segunda metade do ano passado, o que impactava nas atividades náuticas e, consequentemente, enfraquecia, juntamente com a pandemia, o turismo na região.

Segundo dados da hidrelétrica de Furnas, em 17 de junho de 2021 o nível do reservatório estava em 758,14 metros. Hoje, o lago está em 760,26 metros, conforme informações da Alago (Associação dos Municípios do Lago de Furnas).

O nível considerado ideal, de modo a não interferir no uso do reservatório para o lazer, é de 762 metros. Esse patamar permite, por exemplo, que embarcações naveguem pela maior parte do lago sem risco de encalhar. O nível do reservatório oscila também de acordo com o uso da água para geração de energia.

O lago de Furnas banha 34 municípios nas regiões sudoeste, centro-oeste e sul de Minas Gerais. Os destinos mais procurados, como o cânion que desmoronou, no entanto, estão em Capitólio.

A cadeia de turismo no entorno do lago envolve hotéis, pousadas, bares, restaurantes, passeios de barco, cachoeiras, caminhadas por trilhas e o chamado turismo rural, com visitas a fazendas produtoras de cachaça e queijos, por exemplo.

O dono de uma das principais operadoras de turismo no município, Douglas Batista, 37, da Golden Sea, afirma que os cancelamentos de pacotes exatamente neste momento de possibilidade de retomada começaram a ocorrer já no domingo (9), o primeiro dia depois da tragédia.

“Foi 100% cancelado”, diz. Segundo o empresário, clientes recuaram também do aluguel de duas casas que mantém na região. “Ao todo tive que devolver cerca de R$ 50 mil.”

Uma empresária da região que prefere não se identificar não revela números, mas diz ter registrado grande número de cancelamentos de viagens nos últimos dias. De acordo com ela, as pessoas ficaram assustadas.

A empresária acredita que, além do impacto da tragédia com os turistas, os cancelamentos ocorreram em razão das fortes chuvas que atingiram Minas Gerais até a semana passada. Houve interrupção no tráfego de várias estradas no estado.

O pedido de anonimato da empresária ocorre por avaliação feita por operadores do turismo na região e também por proprietários de estabelecimentos ligados ao setor de que há um tratamento que consideram negativo por parte da imprensa em relação à tragédia. Diante disso, a opção é por não conceder entrevistas.

O secretário-executivo da Alago, Fausto Costa, avalia que a retomada do turismo na região ocorrerá a partir de decisões que deverão ser tomadas pelo poder público em relação à segurança na região.

“Esperamos que as autoridades deem uma resposta rápida e precisa”, diz Costa. “Hoje está tudo parado”, afirma. O cenário pode ter ainda como outro fator impactante a pandemia do coronavírus com a variante ômicron.

Em nota a prefeitura de Capitólio afirma que desde o acidente vem atuando “efetivamente em conjunto com as demais autoridades competentes”. “Ressaltamos nosso compromisso com a segurança e desenvolvimento do turismo sustentável em nossa região, o qual já vem sendo trabalhado com total seriedade por toda nossa equipe de colaboradores (…)”.

A Polícia Civil de Minas Gerais abriu investigação para a apurar as causas do desmoronamento do cânion em Capitólio. Uma das linhas de investigação procura averiguar se houve algum tipo de interferência humana na região que pudesse contribuir para o desmoronamento.

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