Morre Madeleine Albright, ex-secretária de Estado americana, aos 84

Entrou na carreira diplomática ao ser nomeada embaixadora em 1993

Folhapress Folhapress -

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Morreu nesta quarta-feira (23) a ex-secretária de Estado dos Estados Unidos Madeleine Albright, primeira mulher a ocupar o posto, entre 1997 e 2001, no segundo governo do ex-presidente democrata Bill Clinton.

Ela tinha 84 anos e morreu vítima de câncer, disseram familiares em rede social.​ “Estamos com o coração partido em anunciar que a dra. Madeleine K. Albright, a 64ª secretária de Estado dos EUA e a primeira mulher a ocupar esse cargo, faleceu hoje cedo. A causa foi câncer”, escreveu a família no Twitter.

Nascida na antiga Tchecoslováquia em 1937, Albright fugiu dos nazistas quando criança, durante a Segunda Guerra Mundial, e refugiou-se nos Estados Unidos em 1948, após a família passar uma temporada no Reino Unido. Tornou-se cidadã americana em 1957 e fez carreira acadêmia na Universidade Columbia, em Nova York, onde estudou ciência política.

Entrou na carreira diplomática ao ser nomeada embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, em 1993, cargo que ocupou até virar secretária de Estado em 1997.

Na ONU, pressionou por uma linha mais dura contra os sérvios durante a guerra da Bósnia, depois que a capital, Sarajevo, foi sitiada, mas enfrentou resistência no próprio governo Clinton, quando especialistas em política externa da gestão democrata se lembravam das dificuldades dos Estados Unidos no Vietnã e estavam determinados a não se envolver nos Bálcãs.

Os EUA só responderam três anos depois, quando soldados sérvios-bósnios invadiram cidades muçulmanas e mataram mais de 8 mil pessoas. Por meio da Otan, os americanos fizeram ataques aéreos para forçar o fim do conflito. Mas foi em 1999, já durante o mandato de Albright como secretária de Estado, a ação mais incisiva dos americanos na região, quando bombardearam por 11 semanas a antiga Iugoslávia, incluindo a capital, Belgrado, durante a guerra do Kosovo.

Defensora de um “internacionalismo muscular”, diz James O’Brien, conselheiro sênior de Albright durante a guerra da Bósnia, irritou certa vez um membro do Pentágono ao questionar por que o país mantinha mais de 1 milhão de militares se nunca os usava.

No início do governo Clinton, apoiou um tribunal de crimes de guerra das Nações Unidas que acabou colocando o presidente sérvio Slobodan Milosevic e outros líderes sérvios, na prisão.

Tornou-se conhecido um episódio de 1996 que exemplifica seu jeito linha-dura, quando caças cubanos derrubaram dois aviões americanos desarmados. Disse na ocasião: “Isso não são cojones [colhões, em espanhol], isso é covardia”.

Durante os esforços para pressionar a Coreia do Norte a encerrar seu programa de armas nucleares, sem sucesso, Albright viajou para Pyongyang em 2000 para se encontrar com o líder norte-coreano Kim Jong-il, tornando-se a autoridade de mais alto escalão dos EUA até então a visitar o país comunista.

Depois de deixar o posto ao fim do governo Clinton, Albright se tornou um ícone para uma geração de mulheres jovens que buscavam inspiração em sua luta por oportunidades e respeito no local de trabalho. Albright gostava de dizer: “Há um lugar especial no inferno para as mulheres que não se ajudam”.

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