Enel, pare de desculpas e respeite os consumidores goianos

Márcio Corrêa Márcio Corrêa -
Sede da Enel, no Jardim Goiás, em Goiânia. (Foto: Divulgação/Enel Goiás)

A Enel deveria respeitar mais os goianos. Quando a empresa assumiu os serviços que eram prestados pela dilapidada Companhia Energética de Goiás (Celg), a promessa era de que muito em breve a infraestutura de distribuição de energia em Goiás sairia da situação de absoluto sucateamento e em poucos anos teríamos um serviço de qualidade. Não é o que percebemos até agora.

Ainda que a Enel fale em centenas de milhões em investimentos todos os anos, o fato é que desde 2017, quando a Celg foi privatizada, a empresa pouco avançou no que interessa, que é a qualidade na prestação do serviço e no atendimento aos seus clientes. Todos sentimos na pele o que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) atestou em seu último ranking, divulgado este mês: a Enel segue com o terceiro pior serviço entre 29 companhias de grande porte avaliadas no ano passado.

Esta posição nada honrosa já havia sido registrada em 2020, mas ficamos mais tempo no escuro em 2021: foram uma média de 18,75 horas sem energia, quando no ano anterior essa média foi de 16,48 horas. A Aneel estabelece que o limite tolerável de interrupções não ultrapasse 12,58 horas.

É verdade que, antes a Celg, e depois a Enel Goiás já levaram, mais de uma vez, o título de pior companhia elétrica do Brasil no ranking elaborado pela Aneel. Mas se manter por dois anos consecutivos como a terceira pior não chega a ser um avanço digno de comemoração. Pelo contrário.

A empresa alega que investiu desde 2017 mais de 2 bilhões de reais e que a permanência da má qualidade do serviço é fruto do descaso absoluto com a qual a Celg foi tratada em anos anteriores. Mas todos esses anos após a privatização já deveriam ser suficientes para Goiás sair da lanterna.

Esta deficiência estrutural prejudica muito nossa economia. Afeta desde o produtor rural, que perde o leite do dia por falta de condições de resfriamento, até o industrial que muitas vezes não consegue expandir uma fábrica pela falta de estabilidade e de capacidade da distribuidora oferecer a energia que o empreendimento precisa. Na prática, isso se torna uma trava para nosso crescimento econômico num momento em que o que mais precisamos é superar essa crise.

Defendo mudanças na legislação para que a punição a empresas que prestam um serviço público de má qualidade seja mais efetiva, ampliando também a possibilidade de entrada de novos players para assumirem o serviço, caso a concessionária atual não consiga cumprir o que está previsto em contrato. A privatização de serviços essenciais para a população, como no caso da distribuição de energia, só faz sentido se for para promover um avanço de qualidade consistente. Não podemos cair na armadilha de mudar para permanecer como estava.

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