PrEP está disponível na rede pública de Anápolis e é arma para evitar transmissão do HIV

Programa conta com equipe multidisciplinar preparada para atender todos os públicos e grupos de risco

Lucas Tavares Lucas Tavares -
Unidade de Saúde Dr Ilion Fleury Junior, no bairro Jundiaí, abriga o Programa Municipal de HIV, Aids e Hepatites Virais de Anápolis. (Foto: Lucas Tavares)

Apesar de ser um assunto pouco falado, os índices atuais de pessoas contaminadas com o vírus HIV em Anápolis preocupam. Transmitido por meio de relações sexuais desprotegidas, os consultórios da cidade vêm recebendo, em média, cerca de 20 novos casos por mês.

Além dos preservativos, já conhecidos por grande parte da população, outros métodos preventivos estão disponíveis na rede pública de saúde, porém com algumas particularidades.

Indicada para grupos de risco, como homossexuais, transsexuais, profissionais do sexo e pessoas que frequentemente deixam de usar camisinha em relações sexuais, a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), por exemplo, tem sido um divisor de águas na redução da transmissão do HIV nos últimos anos.

Ainda assim, a falta de divulgação e informação desse método tem sido não só um desafio para os médicos, mas uma grande barreira para aqueles que mais precisam ter acesso ao medicamento.

Para compreender melhor esse dificuldade, o Portal 6 esteve na Unidade de Saúde Dr Ilion Fleury Junior, no bairro Jundiaí, onde se concentra o Programa Municipal de HIV, Aids e Hepatites Virais de Anápolis.

Conforme o médico infectologista Marcelo Daher, que é diretor do programa, a PrEP faz parte de uma estratégia chamada “proteção combinada”, mas precisa ser ampliada, assim como as ações de prevenção, que devem ser mais assertivas.

“É um instrumento muito importante, pouco divulgado, que deveria ter mais acesso. É a medida mais eficaz contra a transmissão”, disse.

“Para o grupo [de pessoas trans e travestis, por exemplo], seria preciso uma ação ativa e não passiva. Uma equipe que vá à noite [até elas], mas não temos pessoal para as visitas”, explicou.

Uma das sugestões do médico é, inclusive, tentar trazer transsexuais para dentro do programa, o que faria com o grupo se sentisse mais acolhido.

Marcelo Daher é médico infectologista em Anápolis. (Foto: Divulgação)

Isso porque, segundo o especialista, é evidente que a busca pela PrEP parte de pessoas com maior grau de instrução, que procuram as unidades de forma espontânea e sabendo que não serão alvos de preconceitos.

Mas o processo não deixa de ser burocrático, porque o paciente que desejar usar o medicamento terá que passar por uma série de etapas, como realização de testes rápidos e exames de sangue. Com isso, demora cerca de 30 dias para que a PrEP seja liberada.

De acordo com Marcelo Daher, apesar das dificuldades, a equipe é preparadíssima para atender todas as pessoas e conta até com dentista específica, aconselhamento de psicólogos e enfermeiras. Neste sentido, todos que precisarem de acolhimento e da PrEP, precisam apenas procurar o programa.

Números preocupantes

A Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) forneceu ao Portal 6 os dados que mostram que, apenas nos três primeiros meses de 2022, a pasta recebeu 65 notificações de pessoas que testaram positivo para o HIV em Anápolis.

Destas, 16 são de pacientes que vivem em outros municípios e estavam na cidade quando fizeram o exame e receberam o resultado.

E os números de 2021 também mostram que se trata de uma constância, já que neste mesmo período do ano passado 83 pessoas descobriram que estavam infectadas, sendo que 32 eram de outras regiões.

Fazer com que os números caiam ao invés de se manterem na média é, inclusive, uma das preocupações de Marcelo Daher, uma vez que aqueles que iniciam o tratamento precisam recebê-lo por toda a vida.

“Eu não posso ficar tranquilo pelo fato de o número de casos se manter ao longo dos meses. Preciso trabalhar para que esse número caía de maneira importante.”

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