’Hipster da Federal’ tinha problemas psicológicos e fazendeiro não responderá pela morte dele

Amigos ainda tentaram auxiliar o policial, mas não obtiveram sucesso

Augusto Araújo Augusto Araújo -
Lucas Valença, o “Hispter da Federal”, foi morto após tentar invadir propriedade rural. (Foto: Reprodução).

A Polícia Civil (PC) concluiu que o fazendeiro que matou o policial Lucas Valença, de 36 anos, também conhecido como “Hipster da Federal”, agiu em legítima defesa.

Em entrevista coletivo realizada nesta quarta-feira (13), na sede da Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO), o delegado Alex Rodrigues, responsável pelo inquérito, explicou que o homem teria atirado contra o agente federal para proteger a si, a esposa dele e a filha de apenas três anos.

“Segundo a declaração do autor do disparo e a esposa, Lucas estava muito agressivo, falando frases desconexas, dizendo que ia arrombar a casa e matar todo mundo”, afirmou.

O caso ocorreu no dia 03 de março, no povoado de Santa Rita, zona rural de Buritinópolis, município no Noroeste Goiano.

Conforme a investigação, o policial teria ido para a região no dia anterior, para passar o feriado do Carnaval na fazenda da família dele e aparentava estar feliz com a visita.

Entretanto, após um incidente familiar, ele se estressou e passou a agir de forma agressiva com o padrasto e a mãe, que se recuperava de uma cirurgia e voltou para a residência deles em Brasília.

Durante a noite, a agressividade foi piorando e ele danificou todo o imóvel, falando palavras e frases desconexas. Na manhã seguinte, a família pediu o suporte de alguns colegas dele da Polícia Federal, para contê-lo.

“No entanto, quando esses policiais, que estavam fora de serviço, chegaram lá, ele ainda estava muito agressivo e chegou a disparar com uma submetralhadora”, continuou o delegado Alex Rodrigues.

Entretanto, no meio  do caminho ele teve uma crise forte de agressividade, chegando a descer do carro várias vezes e correr no meio da rodovia. “Ele falava que se não levasse ele de volta para a propriedade rural, ia matar todo mundo dentro do carro”, detalhou o delegado.

Foi nesse ponto que os colegas policiais deixaram Lucas na entrada da chácara. Assim, ele se deslocou até a casa onde se deu os fatos, tentou forçar a entrada na residência e quebrou o relógio de energia, desligando a luz do imóvel.

“Assim que ele arrombou a porta, o proprietário estava com a espingarda e disparou o tiro que levou ele a óbito”, concluiu o investigador. 

Embora tenha agido em legítima defesa, o homem irá responder por posse ilegal da arma de fogo, visto que ele tinha dentro de casa uma espingarda sem autorização legal para porte ou posse dentro do imóvel.

Saúde Mental

Alex Rodrigues afirmou que Lucas Valença era visto como uma boa pessoa e um profissional dedicado na Polícia Federal. Todavia, ele já apresentava um histórico de traumas familiares e problemas psicológicos.

Ele perdeu o pai muito jovem, posteriormente o irmão mais velho e isso impactou grandemente na vida dele. Quando ele ganhou notoriedade, isso impactou negativamente a vida dele”.

“Ele desenvolveu um quadro de depressão e fez tratamento. Ele teve um surto há dois anos, mas também foi tratado, então aparentemente estava bem”, pontuou o delegado.

O investigador da PC ainda afirmou que a família não soube precisar se o agente federal usava algum tipo de medicamento que poderia ter desencadeado o surto psicótico.

Por razões de ética e sigilo profissional, a psicóloga que acompanhava o caso de Lucas preferiu não manifestar se ele fazia uso de medicações.

No entanto, a perícia teria constatado a presença de THC, substância ativa da maconha no organismo do policial. “Mas não sabemos precisar se ela é advinda do uso ilícito de drogas ou vem a partir de algum remédio prescrito”, explicou Alex Rodrigues.

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