Mulheres ainda enfrentam dificuldades graves para denunciar violência doméstica em Anápolis

Muitas são vítimas de diversos tipos de agressões e não sabem. Algumas ações, porém, foram criadas para tentar amenizar o problema

Isabella Valverde Isabella Valverde -
Visão aérea de Anápolis. (Foto: Reprodução)

Todo mundo conhece ou já ficou sabendo de uma mulher próxima que, em algum momento, já foi vítima de violência doméstica.

O que pouca gente sabe, porém, é que apesar das leis e do apoio das autoridades policiais, são os inúmeros desafios que elas precisam enfrentar em Anápolis quando percebem que estão sendo alvos de um crime cruel.

“[A maior dificuldade] é a cultura machista da nossa própria sociedade. Muitas vezes a vítima está passando por situações de violência e ela se culpa por isso. Ela acredita que a culpa é dela e não é. No nosso entendimento, nunca a culpa é da vítima”,  afirmou a capitão Daiene Holanda, responsável pela Patrulha Maria da Penha de Anápolis.

Não existe um perfil, classe econômica ou idade. Infelizmente, todas as idades e todas as classes sociais têm. E a gente percebe um aumento maior das denúncias de violência doméstica no final de semana, quando muitos estão em casa e consomem bebidas alcoólicas.”, completou. 

Uma outra complicação, conforme a capitão, é o fato de que muitas demoram a perceber que estão sendo agredidas, já que acreditam que exclusivamente o “apanhar” se encaixa nesse quesito.

É importante lembrar, porém, que existem as violências verbais, patrimoniais, psicológicas e sexuais. Todas elas têm forte potencial para resultar em grandes tragédias.

Para a presidente da OAB Mulher Anápolis, Tatiane Ferreira, dentre os inúmeras obstáculos que as vítimas enfrentam para relatar as agressões na cidade, uma das principais é não possuir apoio dentro de casa.

“Imagina o temor real que as mulheres passam por não serem compreendidas. O medo e vergonha de se expor e de ser desacreditada, além da dependência emocional e o fato de sermos frutos de uma sociedade que nos criou para acreditarmos que se o relacionamento fracassou é nossa culpa”, pontuou.

“A maioria não possui rede de apoio e, sem ajuda, a mulher não suporta o peso do processo. Digo isso porque várias chegam cheias de culpas”, acrescentou.

Soluções

Para evitar que o processo investigativo seja uma fase ainda mais dolorosa, uma Lei foi aprovada em 2021 para que as vítimas não sejam expostas a procedimentos desnecessários, repetitivos ou até mesmo invasivos.

Em Anápolis, há também o Projeto Acolher, que oferece amparo psicológico dentro da própria Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), e o Centro de Referência em Atendimento à Mulher, que possui abrigo para protegê-las.

A Patrulha Maria da Penha ainda entrega panfletos pela cidade explicando sobre os tipos de violência que as mulheres podem sofrer e realiza palestras em escolas para conscientizar as crianças.

Já a DEAM funciona de segunda a sexta-feira e oferece todo o amparo para que as vítimas façam as denuncias e consigam medidas protetivas de urgência.

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