Abandonado em mata por três dias, homem precisou comer folhas para sobreviver

Com complicações de saúde depois de um AVC, irmã conta que ele não tinha água e nem comida

Lucas Tavares Lucas Tavares -
Rone Agrimar Fontes foi encontrado na segunda-feira (25), em uma mata, em Goialândia, distrito de Anápolis. (Foto: Montagem/Portal 6)

Após três dias desaparecido, Rone Agrimar Fontes, de 47 anos, segue se recuperando, agora em casa, com a família. Encontrado pelo Corpo de Bombeiros na tarde desta segunda-feira (25), numa mata do distrito de Goialândia, o homem, na saga para sobreviver, precisou recorrer até mesmo às folhas.

“Ele pegava as folhas em volta e mastigava para se alimentar. Do jeito que ele caiu, a camisa se prendeu e o braço que ele consegue mover ficou para baixo”, relatou Rosângela Fontes, irmã da vítima, ao Portal 6.

Rone teve complicações depois de sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC). A debilidade dele deixou a família ainda mais preocupada.

“Foi muito difícil para ele, porque estava sem água, sem comida. Ele tem que estar se alimentando sempre por conta do AVC”, contou a irmã.

Rosângela contou ainda que o irmão passou frio e sequer conseguia se mexer. No momento de maior desolação, ela própria chegou a perder a esperança.

“Nossa, eu pensei que a gente só ia encontrar ele morto. A equipe dos bombeiros chegou a falar que se encontrassem ele só hoje, não estaria com vida”, afirmou.

Após ser localizado, Rone foi encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Vila Esperança, região Sul de Anápolis.

Mistério desvendado

Durante a saga na procura pelo irmão, Rosângela esteve em diversos lugares e foi na Central de Abastecimento (Ceasa), onde teve as primeiras pistas.

Segundo ela, alguns trabalhadores informaram que Rone havia saído para uma plantação de mandioca acompanhado do patrão.

Quem levou Rosângela até o local foi um dos encarregados de serviços na Ceasa, com quem o irmão dela já trabalhava há mais de oito anos.

“Fui procurando até que alguém falar que o viu. E viram, num mandiocal, mancando. Me falaram onde ficava, cheguei na entrada, mas não consegui encontrá-lo”, disse Rosângela.

“Na volta um senhorzinho disse ‘pois é menina, o homem deixou ele e não veio buscar’. Eu fui atrás do moço [proprietário da fazenda] e perguntei para quem ele vendeu a mandioca, ele disse ‘para o rapaz que trouxe a senhora aqui'”, completou.

Mesmo conhecendo a identidade do homem que abandonou Rone na mata, os familiares decidiram não prestar queixa à polícia.

“A família não quer, a gente tem medo também. Vamos deixar quieto, já encontramos ele com vida. Deixa a consciência dele pesar”, afirmou.

Agradecimentos

Depois dos dias de angústia e apreensão, os familiares da vítima não escondem o sentimento de gratidão por quem ajudou a encontrar Rone.

“Agradeço a todo mundo que compartilhou que reforçou. A equipe dos bombeiros que confiou em mim quando eu falei que sabia onde ele estava não tenho nem palavras”, concluiu Rosângela.

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