Voto pulverizado deve manter Anápolis com baixa representatividade no Legislativo

Especialistas apontam que cidade poderia ter até oito deputados estaduais, mas esbarra em características do eleitorado

Lucas Tavares Lucas Tavares -
Wandir Allan é advogado eleitoral em Anápolis. (Foto: Divulgação/ OAB)

A menos de três meses das eleições de 2022, as chapas que vão disputar o voto dos anapolinos e goianos em geral começam a ser definidas.

Muitos nomes conhecidos pela população de Anápolis prometem entrar na briga pela reeleição e por novos cargos.

Advogado eleitoral de Anápolis, Wandir Allan, defende que o município tem potencial para eleger uma grande bancada na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) e também na Câmara Federal.

“Anápolis é o terceiro maior eleitorado de Goiás. Em termos absolutos, com 286 mil eleitores você faz um deputado federal sozinho. Só que a realidade dos eleitos é bem menor que essa, cerca de 80 mil a 100 mil votos, você tem um deputado federal eleito”, explicou.

“Tem potencial de ter dois ou três deputados federais, se a votação fosse concentrada em candidatos da cidade. Da mesma forma para os deputados estaduais. Nós temos condições de fazer sozinhos sete, o que nunca conseguimos efetivar”, afirmou.

De acordo com Wandir, a concentração de votos em nomes de Anápolis faria com que o município tivesse grande representatividade no legislativo, o que se traduziria em mais recursos e mais peso nas decisões políticas do estado e do país.

Porém, a pulverização entre candidatos de outras cidades é uma realidade que, segundo o advogado eleitoral, não deve mudar repentinamente.

“Eu não vejo nenhum movimento ou reunião de lideranças para combater isso. Não imagino que haja uma diferença nessas eleições no comportamento do eleitorado anapolino”, projetou.

“Acredito que vamos continuar votando em candidatos que não são da cidade, alguns até de forma legitima, que mesmo não sendo da cidade, fazem um bom trabalho para Anápolis. Mas a pulverização acaba impedindo a eleição de candidatos que efetivamente tem vínculos com a cidade”.

Já o cientista político Guilherme Carvalho praticamente descarta a possibilidade dos anapolinos elegerem um deputado federal “sozinhos”.

“Alguns vereadores vão buscar uma vaga na Alego. Só que nessa eleição, com o fim das coligações proporcionais, está mais difícil. Agora, cada partido para fazer uma cadeira para deputado federal vai precisar fazer pelo menos 180 mil votos”, disse.

“Como uma cidade dá 180 mil votos, a não ser Goiânia, em um candidato? Eu sou um pouco cético a ideia de uma cidade com menos de um milhão, um milhão e meio de habitantes, conseguir fazer cadeira sozinha”, expôs.

Perfil dos eleitores

Tradicionalmente, Anápolis tem um voto concentrado no campo da centro-direita. Isso ficou ainda mais evidente após as eleições de 2018 quando elegeu o atual presidente, Jair Bolsonaro, na época do PSL, com quase 80% dos votos.

“Nós somos uma cidade conservadora e o eleitorado não se comporta de forma diferente. Imagino que esse conservadorismo permanece para essas eleições”, afirmou Wandir Allan.

“O conservadorismo em si, não é uma coisa ruim. O objetivo de manter as conquistas que a sociedade teve é a marca característica. Agora, é importante que a gente tenha visões progressistas para que possamos evoluir. Mas não vejo uma tendência de mudança no perfil do eleitorado”, concluiu.

Guilherme Carvalho relembra que, apesar de Anápolis ser uma das bases do presidente Jair Bolsonaro (PL), o voto a nível regional é heterogêneo.

“Isso se deve ao fato de que é um eleitorado amplo. Apesar desse maciço apoio e até barulhento para determinada camada da elite política, não necessariamente é uma cidade que apoia uma linha política”, afirmou.

“Tem espaço para discussões. Por ser uma cidade grande, amplia as discussões e os problemas. As pautas são múltiplas”, concluiu.

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