Construção civil está sendo inviabilizada pela Enel em Goiás, aponta entidade

Conforme Ademi, são cerca de 100 canteiros de obras que sofrem com algum tipo de problema sobretudo em Goiânia, Aparecida, Anápolis e Rio Verde

Emilly Viana Emilly Viana -
Canteiro de obra em construção de edifício residencial. (Foto: Antônio Cruz)

Apagão. Há anos integrando a lista das piores concessionárias de energia elétrica do País, a Enel agora virou alvo da construção civil estadual.  Conforme denúncia da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), a empresa não vem cumprindo prazo para ligação de energia dos empreendimentos e o cenário é mais sombrio sobretudo em Goiânia, Aparecida, Anápolis e Rio Verde.

E não há distinção de tipo de empreendimento, uma vez que a situação atinge do alto padrão a conjuntos habitacionais. Para a entidade, se não solucionado,  o problema tende a inibir o setor da construção civil — um dos que mais emprega no estado.

Ao Portal 6, o superintendente da Ademi-GO, Felipe Melazzo, conta que os transtornos tiveram início no ano passado e está afetando diversas cidades.

“Temos cerca de 100 canteiros de obras de condomínios verticais hoje. Todos eles, cada um em sua etapa de obras, estão sofrendo ou sofrerão com isso em algum momento, já que a situação é generalizada”, aponta.

Ele explica que, para viabilizar um projeto imobiliário, é necessário emitir a Análise de Viabilidade Técnica (AVT) pela própria Enel. Neste documento consta a obrigação, por parte do construtor, de adquirir o transformador e fazer a ligação dos fios, do prédio até o poste. Cumprida esta etapa, a companhia tem 120 dias para fazer a ligação definitiva.

“Esse prazo não tem sido executado, sendo que nós concluímos a nossa parte um ano antes de entregar os imóveis. As famílias já começaram a se mudar, alguns há 60 dias, e estão dependendo de gerador, que é caríssimo, para ter acesso à energia. É um atraso absurdo e não tem justificativa”, protesta.

Além de prejuízo para os moradores e empresários, o crescimento do setor está sendo inibido. “Goiânia já tem um déficit de 15 mil habitações e a tendência é piorar. Vamos ter um impacto gigante no setor ao ponto de inviabilizar novos empreendimentos, impedindo geração de emprego e renda”, projeta.

Financiamento afetado

Outro problema apontado pela Ademi-GO é a inclusão de valores abusivos na ADT, que incluem o orçamento de obras estruturantes.

“Quando o empreendedor leva o documento para a Caixa Econômica Federal, que analisa os custos e lucros do projeto, encontra custos exorbitantes da Enel e não liberam o financiamento”, afirma o superintendente da Ademi.

Além de condomínio verticais de alto padrão, prédios do programa Casa Verde e Amarela também são afetados pela dificuldade. A associação alega que tenta dialogar com a concessionária, mas que não tem obtido sucesso.

“Antes do comunicado extra oficial de que a empresa estaria sendo vendida, estávamos tendo alguma dificuldade em falar, mas conseguíamos algo. Depois disso, eles não nos atendem mais”, revela.

Enel 

Em nota, a Enel nega existir atraso generalizado na ligação de novos empreendimentos imobiliários. A empresa menciona que há necessidade de “avaliar caso a caso”.

Além disso, em caso de não conformidade com normas técnicas e de segurança da distribuidora, os projetos são reprovados e é necessária adequação. A companhia afirma que está à disposição da Ademi-GO para prestar todos os esclarecimentos necessários.

A Enel também nega que exista aplicação de taxas para conexão. “Todos os custos envolvidos no processo são os determinados nas resoluções publicadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e aplicadas a todo o setor elétrico brasileiro”, diz o texto.

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