Venezuelanos vivem aglomerados e em condições precárias em cortiço de Anápolis

Imigrantes não têm camas e precisam dormir no chão. Sujeira está por todos os lados

Isabella Valverde Isabella Valverde -
Cortiço localizado na Avenida Amazilio Lino, em Anápolis, reúne mais de 40 venezuelanos em situações precárias. (Foto: Portal 6/Bruna Ariadne)

Dezenas de imigrantes venezuelanos, incluindo diversas crianças, estão vivendo em situação de calamidade em um cortiço localizado na Avenida Amazilio Lino, na região Central de Anápolis.

O Portal 6 apurou que mais de 40 pessoas dividem o pequeno espaço. Dentre elas, cerca de 25 são apenas garotinhos e garotinhas.

A maioria dos venezuelanos vive na cidade há mais de um ano e nenhum deles conta com documentos brasileiros que os regulamentem no país.

Em uma situação precária, o grupo vive no cortiço e dorme aglomerado, no chão ou em redes espalhadas pelo espaço comandado e alugado aos demais pela “líder”, identificada como Emília.

Com sujeira espalhada por todos os lados e pertences acumulados no chão, a residência ainda apresenta um forte odor que já fez até mesmo com que trabalhadores que passaram por lá vomitassem, segundo relatou um dos venezuelanos.

Sem conseguir empregos formais, principalmente pela falta de documentação, a maioria obtém dinheiro para se manter como pedinte ou vendendo nos semáforos.

A situação das diversas crianças não é diferente. Elas não têm acesso às escolas e, por isso, passam a maior parte do tempo também correndo risco no trânsito para tentar conseguir algumas moedas.

Segundo relatos anônimos, um dos pequenos chegou a ser retirados das ruas pela assistência social e não se sabe para onde ele foi mandado, já que ele nem ao menos possuía um responsável na cidade.

Além disso, eles alegam que a Prefeitura de Anápolis não oferece qualquer tipo de suporte, falando sempre que não é possível ajudá-los.

O Portal 6 entrou em contato com o Conselho Tutelar para pedir um posicionamento, mas não obteve resposta até o fechamento da matéria.

Testemunhos da precariedade 

Elisamar trabalha em um restaurante localizado próximo ao cortiço onde os venezuelanos moram e relatou ao Portal 6 que ajudou os imigrantes por um tempo, doando alimentos, colchão e um fogão.

Porém, o homem conta que em um determinado momento precisou “expulsá-los”, pois estavam incomodando os clientes do estabelecimento.

Em condição de anonimato, um outro trabalhador afirmou que sempre percebe diversas crianças correndo pela rua, o que acaba gerando um receio por se tratar de uma avenida movimentada.

Resposta da Prefeitura 

A Prefeitura de Anápolis, por meio da Secretaria Municipal de Integração Social, Esporte e Cultura, informou que garante oferta de políticas públicas para o grupo de indígenas venezuelanos, pertencente à etnia Waraos.

Segundo a pasta, as famílias foram inseridas no Cadastro Único para que possam ter acesso aos programas sociais, além de terem sido encaminhadas para emissão da documentação necessária para regularização no país.

A secretaria ainda enfatizou que uma equipe do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), o Ministério Público e o Conselho Tutelar realizam um acompanhamento contínuo da situação dos venezuelanos.

O Conselho Tutelar, por sua vez, informou que, inclusive, uma menor foi retirada do local e institucionalizada por denúncias de abusos sofridos. Há, conforme a entidade, indícios de outros desrespeitos ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

 

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