População em situação de rua em Anápolis tem perfil diverso, mas há um ponto comum

Há quem venha de família rica e também os pobres, mas entidades lembram traço que une estas pessoas

Isabella Valverde Isabella Valverde -
Muitos moradores em situação de rua se abrigam em baixo do viaduto, na Avenida Brasil. (Foto: Reprodução\Instagram\Irmãos Invisíveis)

Uma característica é comum na maior parte das pessoas em situação de rua em Anápolis: a dependência química. O perfil desta população varia na cidade, mas há simetria em vários aspectos.

Entidades que acompanham diariamente estas pessoas revelam traços que mais costumam aparecer nos indivíduos que se perdem das famílias.

Segundo Daniel Oliveira, do projeto Irmãos Invisíveis, a maior parte vem de classes sociais mais baixas. No entanto, não são raros aqueles que deixaram casas de famílias com alto poder aquisitivo. Em comum: a dificuldade em lidar com drogas.

“Existem moradores que possuem situação financeira boa, mas as drogas não escolhem classe social. Não escolhem cor, sexo, não escolhem nada. Então entrou nesse mundo, é muito difícil sair”, afirmou.

“90% do pessoal que nós atendemos tem vício em drogas. Todos bebem também, mas a bebida é considerada lícita, praticamente todos eles fazem uso de crack e maconha”, completou.

Por vezes, para manter o vício, as pessoas acabam recorrendo a crimes. O próprio prefeito Roberto Naves (PP) já expressou preocupação com a segurança da região.

Problema para a mente

De acordo com Daniel, esse vício acaba saindo ainda mais caro, acabando até mesmo com a saúde mental dos usuários e gerando mudanças comportamentais visíveis.

“Como já acompanhamos [irmãos invisíveis] eles há mais tempo, a gente vai percebendo a mudança da saúde mental. Eles vão adquirindo sequelas, vamos se dizer assim, devido à quantidade de drogas ingeridas. Então, muitos deles acabam desenvolvendo problemas mentais”, pontuou.

Dentre essa população que ocupa as ruas da cidade, muitos são anapolinos, mas outros tantos estão apenas de passagem. Eles ficam por um ou dois dias para que, em seguida, busquem um novo destino.

O que torna a situação ainda mais delicada é que nem mesmo os familiares conseguem retirar as pessoas da rua se não for da vontade delas.

“As pessoas que estão em situação de rua, elas precisam decidir sair dessa situação por conta própria, essa é a grande verdade. Então, se eles não decidirem não vão sair e com isso, poucos, poucos, poucos mesmo realmente saíram das ruas”, enfatizou.

Os Irmãos Invisíveis são uma Organização Sem Fins Lucrativos (ONG) que busca cuidar dessa população em vulnerabilidade.

Com isso, regularmente um grupo de voluntários monta uma estrutura no viaduto da Avenida Brasil e oferta para os moradores uma palavra de fé, refeições, corte de cabelo gratuito e roupas.

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