Bolsonaro insiste em acusação sem provas sobre rádios, critica Moraes e diz que vai recorrer até o fim

Presidente disse ainda que seu partido deve contratar uma terceira empresa de consultoria para analisar os casos e que ele foi eleitoralmente prejudicado

Folhapress Folhapress -
Presidente Jair Bolsonaro. (Foto: Gabriela Biló/Folhapress)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) insistiu, nesta quarta-feira (26), em acusações sem provas sobre a supressão de inserções eleitorais do presidente em rádios do Nordeste, criticou o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, e prometeu recorrer até o fim de sua mais recente decisão no caso.

O chefe do Executivo disse ainda que seu partido deve contratar uma terceira empresa de consultoria para analisar os casos e que ele foi eleitoralmente prejudicado. Bolsonaro está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quatro dias do segundo turno.

“Certos lugares que achava que iria bem e poderia, até ganhar, nossa análise, pode ter havido outros fatores, vimos que perdemos. Com toda a certeza, as inserções de rádio fizeram a diferença ou poderiam ter feito a diferença. Não existe outro fator que a gente possa levar em conta nesse momento”, disse o chefe do Executivo.

A fala de Bolsonaro aconteceu durante entrevista a jornalistas no Palácio da Alvorada, que foi convocada de última hora por seus assessores. O presidente saiu sem responder perguntas, apesar de ter sido questionado sobre o fato de que rádios contestaram o relatório, se avaliava pedir o adiamento das eleições ou alguma outra medida.

O pronunciamento aconteceu poucas horas após o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes, decidir rejeitar a ação apresentada pela campanha do presidente sobre suposto boicote de rádios na veiculação da propaganda eleitoral.

Moraes disse que a ação de Bolsonaro não tem provas e se baseia em levantamento de empresa “não especializada em auditoria”.

O ministro apontou possível “cometimento de crime eleitoral com a finalidade de tumultuar o segundo turno do pleito em sua última semana” e mandou o caso para ser avaliado dentro do inquérito das fake news, que é relatado por ele mesmo no STF (Supremo Tribunal Federal).

Jair Bolsonaro mudou radicalmente a sua programação na noite desta quarta-feira (26). O mandatário teve agenda em Minas Gerais ao longo do dia e deveria seguir diretamente para o Rio de Janeiro, onde iria dormir. De última hora, já no avião presidencial, resolveu voltar para a Brasília.

Bolsonaro então convocou ministros e os três comandantes de Forças Armadas para uma reunião no Palácio da Alvorada, antes de anunciar o pronunciamento.

Estavam presentes, por exemplo, o comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Junior; o ministro da Justiça, Anderson Torres; o chanceler Carlos França; e o ministro da Secretaria de Governo, Célio Faria.

Como a Folha mostrou, os dados do relatório encaminhado pela coligação ao TSE com alegações de supressão de inserções eleitorais do presidente são contestados por ao menos 6 das 8 rádios citadas pela campanha.

As rádios apontam divergências entre o número e os horários das inserções identificados pela empresa Audiency, contratada pela campanha de Bolsonaro, e o que foi realmente veiculado. Alegam que possuem as gravações dos dias citados no relatório e que estão à disposição das autoridades.

Na segunda-feira (24), o ministro Fábio Faria (Comunicações) e o coordenador de comunicação da campanha de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, anunciaram a entrega de um relatório preliminar ao TSE que contém o levantamento feito por uma empresa sobre o número de inserções de Bolsonaro e Lula veiculadas em emissoras de rádio nos estados do Norte e Nordeste.

“Constatamos que na região Nordeste, tivemos 29.160 inserções a menos na nossa candidatura, o que corresponde a 241 horas de programação impedida de ser transmitida.”, disse Wajngarten na ocasião.

Rádios que foram citadas no levantamento contestaram as alegações de veiculação. As emissoras apontam divergências entre o número e os horários das inserções identificados pela empresa Audiency, contratada pela campanha de Bolsonaro, e o que foi realmente veiculado. Alegam que possuem as gravações dos dias citados no relatório e que estão à disposição das autoridades.

As acusações acontecem em um momento de dificuldades enfrentado pela campanha de Jair Bolsonaro. No fim da semana passada.

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