Poluição no Córrego das Antas traz risco até para permanência da Ambev em Anápolis

Questão ambiental pode se refletir na economia. Reavaliação da qualidade da água será feita em três anos

Aglys Nadielle Aglys Nadielle -
Fachada da Ambev. (Foto: Reprodução/Ambev)

Mais da metade dos trechos do curso do Córrego das Antas em Anápolis não está em boa qualidade. O ribeirão, segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), já está em nível 03 de poluição, classificação que, se subir, pode trazer problemas à cidade.

Um estudo realizado pelo órgão ambiental do estado mostra que a água sai da nascente, localizada próximo ao Distrito Agroindustrial (DAIA), com uma qualidade ótima, mas a condição muda durante o percurso.

Ao Portal 6, o secretário de Meio Ambiente do município, Fabrício Lopes, contou que há planos para reduzir a poluição na região. Porém, se houver piora e a poluição for elevada ao nível 04, a cervejaria Ambev, que utiliza a água do córrego, pode ter dificuldades para se manter na cidade.

“A informação que nós temos é que o quadro societário deles informa que fica incompatível [a permanência], porque eles já fazem o tratamento da água dentro da empresa. Até o nível 04, eles dão conta de manter, mas passando desse nível fica inviável para eles fazerem essa recuperação”, explicou.

Uma reavaliação será feita em três anos para verificar se houve redução dos níveis de poluição. Fontes ligadas à empresa afirmam que a cervejaria não tem a intenção de deixar a cidade. A Ambev não se pronunciou oficialmente.

Esgoto clandestino

Fabrício ressaltou que essa é uma questão de custo empresarial. Ele relata ainda que os levantamentos apontam que um dos maiores responsáveis pela poluição na região são os lançamentos de esgoto clandestino.

“Existem vários lançamentos de esgoto clandestino. Também existe desmatamento da mata ciliar que contribui e animais que estão utilizando a região para pastagem”, disse.

Questionada pela reportagem, a Saneago afirmou que a empresa é apenas uma  das usuárias do córrego. “A gestão da bacia, bem como a fiscalização quanto ao lançamento clandestino de esgoto é de responsabilidade dos órgãos ambientais”, disse.

Índice de Qualidade

O sistema utilizado pela Semad, conhecido como Índice de Qualidade das Águas (IQA), é dividido em quatro níveis para medir a poluição dos mananciais.

Há dois pontos em Anápolis onde a água do Córrego das Antas é considerada ruim por apresentar uma classificação do entre 20 e 36, o que se enquadra no nível 03. O primeiro deles é entre a Rodoviária e a Avenida Beira Rio, na Vila Santa Maria de Nazareth.

A segunda localidade em que o fluido está pior é logo após a Estação de Tratamento da Saneago. Os demais trechos do córrego, a partir da Avenida Miguel João até a BR-060, em Branápolis, estão em situação razoável (nível 02).

O secretário municipal de Meio Ambiente relata que entre as principais medidas a serem tomadas para despoluir á agua está a instalação de jardins filtrantes.

Também deve ser feito um monitoramento constante no córrego, segundo Fabrício. “E exigir da Saneago uma aplicação maior de recursos não só na distribuição de água mas também no tratamento de esgoto”, disse.

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