Venda de ingressos para turnê do RBD rende tretas, reclamações e choro

A falta de ingressos frustrou muitos fãs, que ficaram vários dias acampados nas filas ou não conseguiram comprar pelo site Eventim

Folhapress Folhapress -
Grupo mexicano RBD.
Grupo mexicano RBD. (Foto: Reprodução/ Youtube)

O saudosismo está em alta. Que o diga o público que acompanhou a versão mexicana da novela adolescente “Rebelde” no começo dos anos 2000 e a banda RBD, formada na dramaturgia e que ganhou os palcos também fora da atração. Foi só o elenco divulgar que se reuniria para uma nova turnê —a “Soy Rebelde Tour”, anunciada como a última reunião do grupo— que os fãs entraram em polvorosa.

O que ninguém esperava é que a venda de ingressos para as datas anunciadas no Brasil iria se tornar uma verdadeira batalha campal. Por aqui, foram marcados inicialmente um show em São Paulo e outro no Rio (17 e 19/11, respectivamente), mas devido à demanda (as entradas se esgotaram em poucos minutos) duas datas extras foram abertas na capital paulista (16 e 18/11), que também atingiram a lotação máxima rapidamente.

A falta de ingressos frustrou muitos fãs, que ficaram vários dias acampados nas filas ou não conseguiram comprar pelo site Eventim. Houve gritaria, reclamações, choro e até agressões físicas. Confira abaixo as principais tretas.

FÃS SAÍRAM NO TAPA NO RIO
Uma grande briga em um grupo de fãs da banda RBD marcou o primeiro dia de vendas de ingressos na Jeunesse Arena, na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio). As imagens ganharam as redes sociais.

Nas imagens, é possível ver que a discussão teria começado por um lugar na fila e evoluiu para uma troca de tapas e socos.Um fã, vestido com o uniforme da seleção de futebol do México e a gravata que é característica dos uniformes do grupo, aparece discutindo com uma mulher. Na sequência, outra mulher, vestida de camisa mostarda, surge para intervir, e o tumulto se desenrola do confronto das duas.

A Secretaria Estadual de Polícia Militar afirma que agentes do 31° batalhão da Polícia Militar foram acionados para controlar o que foi identificado como um princípio de tumulto na fila. A briga foi controlada pelos oficiais, de acordo com a corporação.

CADEIRAS ARREMESSADAS EM SÃO PAULO
Em São Paulo, a situação não foi menos caótica. Claudio Govêa, proprietário do Bubu Restaurante, no estádio do Pacaembu, relatou que houve cadeiras arremessadas contra funcionários por pessoas que estavam na fila, copos e pratos quebrados e consumidores que saíram sem pagar.

“Quando os ingressos esgotaram, muitas pessoas na fila se revoltaram e começou o alvoroço. Uma funcionária minha machucou a perna”, relatou. “O restaurante fica ao lado da bilheteria e decidimos fechar às pressas. Ficamos sitiados.”

Govêa disse que iria notificar extrajudicialmente a Eventim para evitar que a situação se repetisse. Produtora responsável pelos shows do RBD no Brasil, a Live Nation disse que não irá se pronunciar.

FÃS FICAM SEM INGRESSO NA INTERNET
Na internet, assim que os bilhetes ficaram disponíveis no site Eventim, uma fila virtual com espera de até uma hora foi formada. Nas redes sociais, clientes reclamam que, poucos minutos após abertura das vendas, todos os setores já apareciam como esgotados.

Outros reclamaram ainda de problemas técnicos do site, com bilhetes que antes apareciam como indisponíveis retornando para a venda e falhas na hora da compra. Publicações no Twitter também acusaram a Eventim de facilitar vendas de ingressos para cambistas.

Até alguns famosos ficaram sem ingressos. “O que eu vou dizer para a jovem Camilla que já fez cartinha, que gastou caneta colorida de brilho, estragou os dentes comprando chiclete para ter figurinha de RBD. O que eu vou dizer para ela agora?”, lamentou a influenciadora e ex-BBB Camilla de Lucas. A atriz Giovanna Lancellotti e a cantora Pepita foram outras que ficaram de fora.

NOTIFICAÇÃO NO PROCON
O Procon-SP notificou a empresa Eventim Brasil cobrando explicações sobre problemas na venda de ingressos para os shows na capital paulista. O órgão pediu que a empresa informasse se identificou a origem dos problemas descritos nas reclamações tanto nas vendas online quanto físicas e quais medidas foram adotadas.

Também foram questionados quais foram os mecanismos adotados pela empresa para evitar a comercialização dos ingressos por cambistas. Foi pedido ainda que a empresa comprovasse a carga de bilhetes colocados à venda em todas as modalidades e setores, para cada dia do evento, e qual é a forma de processamento e pagamento pelo site e pelos canais físicos.

Em sua defesa, a Eventim negou ao Procon-SP a existência de problemas na venda de ingressos. A empresa disse que foi uma “situação pontual”. Porém, o órgão afirmou que notificaria novamente a Eventim para que ela apresente um “plano de conformidade” para solucionar as questões apontadas pelos fãs da banda mexicana.

CAMBISTAS E ARMA DE FOGO
Além do Procon-SP, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) entrou com um ofício solicitando que o Ministério Público de São Paulo investigasse um suposto esquema de venda ilegal dos ingressos para os shows do RBD na capital paulista.

Entre outras coisas, a parlamentar citou reportagem do portal R7 que diz que os pontos de vendas presenciais “estão tomados por cambistas portando armas de fogo para intimidar os fãs”. “Há também um vídeo que circula nas redes sociais, onde é afirmado que a empresa responsável pela venda dos ingressos [a Eventim] possui um esquema com os cambistas”, diz o documento.

“Uma vez sendo comprovado o esquema ilegal de vendas de ingressos, a situação poderia configurar crime contra a economia popular, previsto na Lei nº 1.521, de 26 de dezembro de 1951, por configurar ato de manipulação ilegal de preços e tendências de mercado, lesando os consumidores do mercado artístico-cultural no país”, reclamou a parlamentar.

O QUE DIZ A EVENTIM
Segundo a Eventim, a busca por ingressos pelos shows do RBD chegou a ter mais de 665 mil fãs tentando acessar os tíquetes simultaneamente no Brasil, o que classificou como uma demanda “inédita” e, provavelmente, “uma das maiores do mundo”.

Em nota enviada na sexta-feira (3) à coluna Mônica Bergamo, a empresa diz que o “esgotamento de ingressos quase que imediatamente ao início das vendas” é um fenômeno “bastante comum” nas apresentações de artistas de grande relevância, com procura muito maior do que a quantidade de lugares disponíveis. E que, no caso do RBD, houve uma “gigantesca demanda”.

“Por mais que nossos sistemas e operação funcionem na normalidade, há, na sua grande maioria, um grande sentimento de frustração dos fãs que reverbera negativamente na mídia e nas redes sociais”, afirma a Eventim. Não houve menção ao suposto esquema de venda ilegal dos ingressos.

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