Soldado que realizou tocaia e é acusado de homicídio qualificado é afastado do cargo, em Uruana

Agente teria forjado um confronto após executar vítima, que foi levada à delegacia morta

Da Redação Da Redação -
Viatura da Polícia Militar. (Foto: Arquivo/Portal 6)

O soldado Racynne Ianco Costa foi afastado de suas atividades operacionais, na Polícia Militar (PM), após denúncia da promotoria de Uruana e do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial (NCAP), nesta segunda-feira (27).

A decisão judicial ocorre quase 04 meses após a operação em questão, na qual o agente teria efetuado uma tocaia seguida de morte, na qual laudos periciais provam que não houve confronto.

No dia 18 de outubro de 2022, Racynne, acompanhado do soldado Ramires Kenedy, foi instruído a localizar e efetuar a prisão de um suspeito de homicídio, que teria ocorrido na noite anterior.

Saíram à paisana e realizaram buscas, chegando a abordar um suspeito que teria relação com o tráfico de drogas. Decidiram ir à fundo e foram ao local onde ocorreria a venda de drogas.

No local, foram encontradas 290 gramas de maconha e uma arma falsa (simulacro), contudo o morador afirmou que o proprietário seria outro homem, que estaria retornando de moto da cidade de Ceres mais tarde, naquele dia.

Os policiais convidaram um amigo, o policial penitenciário Marcondes Fernandes , para participar da abordagem e se deslocaram à entrada da cidade, onde montaram a tocaia.

Os três estavam no carro do soldado Racynne, e por volta das 16h acompanharam a moto suspeita, que chegava na cidade. Pararam a moto e desceram os três, com armas em punho, para realizar a abordagem.

Segundo os policiais, a vítima J.C.S andou em direção contrária a eles, momento no qual o soldado o perseguiu e efetuou um disparo que atravessou o olho direito e saiu pela nuca do homem que, segundo laudo pericial, morreu na hora.

A partir disso, a situação se complicou mais, pois os agentes decidiram simular uma situação de autodefesa, forjando as digitais da vítima morta em uma faca e o levando para à Delegacia de Polícia, mesmo depois de morto, na viatura.

Segundo o MPGO, o motivo da retirada do corpo do local foi para dificultar a perícia. Também foi concluído que nenhum dos oficiais que foram em apoio chegou a ver a faca, registrada na ocorrência.

Imagens de câmeras de segurança e do rastreador da viatura tornaram a versão dos policiais ainda mais duvidosa, além do registro falso no boletim de ocorrência que a vítima foi levada com vida, fato que também foi desmentido pela perícia.

Após a tramitação do processo, o soldado ficou proibido de manter qualquer forma de contato ou aproximação das testemunhas, além de ter suspensa a permissão de posse de arma de fogo, com exceção da arma de trabalho, durante sua escala de serviço.

Ele está sendo acusado de homicídio qualificado, e para continuar praticando o policiamento ostensivo deverá ser afastado para localidade a pelo menos 50km da cidade de Uruana, ou ser transferido para o setor administrativo do 3° Pelotão de Uruana. Os três oficiais participantes da abordagem foram acusados de inovação artificiosa e falsidade ideológica.

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