Casos graves de síndromes respiratórias crescem em crianças e leitos pediátricos estão no limite em Goiás

Médicos estão preocupados com a rápida evolução da doença, sobretudo em crianças com pré-disposição

Augusto Araújo Augusto Araújo -
Vista aérea da Santa Casa de Anápolis. (Foto: Divulgação)

Um aumento repentino de casos graves de síndromes respiratórias em crianças ligou o alerta entre médicos do estado de Goiás.

Conforme dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES), foram registrados 1.242 casos do tipo entre o dia 1º de janeiro e 29 de março.

Ao Portal 6, a pediatra Talytha Coelho, que atua em consultório e coordena o trabalho dos médicos residentes na UniEVANGÉLICA em Anápolis, apontou que há uma percepção de que as ocorrências se tornaram mais frequentes e perigosas aos pequenos.

“São quadros de evolução muito rápida, muitos deles graves, que demoram para melhorar, mas voltam com muita rapidez. É algo que tem gerado muita preocupação”, apontou.

A especialista em saúde infantil afirmou também que essas infecções são causadas, em sua grande maioria, por tipos comuns de vírus, sendo que crianças prematuras ou com pré-disposições genéticas acabam sofrendo mais com o contágio.

Por outro lado, a médica Gina Tronconi Campos indicou que muitos pacientes sem histórico de problemas respiratórios estão aparecendo com quadros respiratórios intensos.

Ela, que atua na Santa Casa de Anápolis, afirmou que praticamente todos os casos de internação que ocorrem na unidade de saúde estão relacionados à problemas na respiração.

“Temos crianças dependendo de oxigênio, internadas em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs). Passamos por uma situação dramática”, afirmou a pediatra.

Esse aumento no número de internações não se restringe à Anápolis. Conforme o painel interativo da SES, às 16h20 desta quarta-feira (29), 95% das UTIs de neonatal goianas estavam ocupadas.

Além disso, apenas 05 das 84 camas de UTI pediátrica no estado estavam disponíveis e apenas 25 de 230 leitos em enfermarias destinadas à crianças não estavam ocupados.

Assim, alguns pais estão passando dificuldades para conseguir atendimento para os filhos. Ao Portal 6, uma fonte, que pediu para não ser identificada, disse que teve que se deslocar para outro município para ele ser atendido.

O garoto dela estava com sintomas gripais intensos, como febre e tosse, e ela foi a uma emergência em Anápolis para que a criança pudesse receber algum tipo de tratamento.

No entanto, ao chegar na unidade de saúde, ela não conseguiu achar vagas e foi informada que todos os leitos pediátricos na cidade estavam ocupados.

Assim, ela precisou ir à Uruaçu para que o menino pudesse ser hospitalizado.

Orientações

Como forma de combater essa forte disseminação das doenças respiratórias, Gina Tronconi fez recomendações para os pais de filhos pequenos.

“Evite deixá-las em shoppings lotados, festas muito cheias, locais onde circulam muitas pessoas. Isso porque eles facilitam o contágio e disseminação de doenças”.

Além disso, em caso de sintomas gripais – como febre, dores no corpo, fraqueza, tosse – a criança deve ser afastada do convívio social, inclusive da escola, até que o estado dela melhore. A pediatra orientou também para que os pais hidratem bastante as crianças, fornecendo muita água para que elas possam sarar mais rapidamente.

Por fim, ela fez um apelo para que os responsáveis vacinem os filhos contra doenças respiratórias, como a gripe e a Covid-19.

“As crianças estão com a imunidade mais frágil pois a adesão à vacinação está muito baixa, atingimos os níveis mais baixos da história de vacinação das crianças. Isso é ‘essencial’ para reverter esse quadro de sintomas graves que estamos passando”.

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