Cientistas alertam para volta do El Niño e recordes de calor na Europa

Mundo pode alcançar um novo recorde de temperatura em 2023 ou 2024

Folhapress Folhapress -
Onda de calor pode ser atenuada em 2024, mas temperaturas devem permanecer altas (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

IVAN FINOTTI

MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) – Um relatório divulgado nesta quinta (20) pelo instituto científico Copernicus, ligado à União Europeia, lança a possibilidade de que o mundo alcance um novo recorde de temperatura em 2023 ou 2024.

Os cientistas sugerem que, após três anos do padrão climático La Niña no oceano Pacífico, que costuma reduzir ligeiramente as temperaturas globais, o mundo experimentará um retorno do El Niño ainda este ano.

“O El Niño é normalmente associado a temperaturas recordes em nível global. Ainda não se sabe se isso acontecerá em 2023 ou 2024, mas acho que é mais provável [acontecer] do que não”, disse Carlo Buontempo, diretor do Copernicus.

“Globalmente, as médias de concentração de gases de efeito estufa para o ano como um todo foram as mais altas já medidas por satélite e, com base em fontes de dados adicionais, as mais altas em pelo menos centenas de milhares de anos”, diz o texto do documento.

“Ao longo de 2022, as concentrações de dióxido de carbono e metano continuaram aumentando, atingindo níveis recordes. Enquanto o aumento de dióxido de carbono foi comparável ao verificado em anos anteriores, o aumento de metano foi significativamente superior à média dos últimos dez anos.”

A instituição também alerta para o fato de que a Europa é o continente que mais sofre com o aumento de temperatura causado pelas mudanças climáticas. Em relação aos 12 meses, a Europa teve no ano passado o segundo mais quente já registrado, enquanto, a nível mundial, 2022 foi apenas o quinto ano mais quente.

Além disso, o verão europeu de 2022 foi o mais quente desde que as medições começaram, há mais de cem anos. Uma explicação para esse fenômeno é que parte significativa do continente está localizada no subártico e no Ártico, que são as regiões de aquecimento mais rápido de todo o planeta.

Dados do relatório mostram que, desde a segunda metade dos anos 1800, o mundo esquentou 1,2°C. A Europa sozinha, por sua vez, amargou um aumento de 2,2°C.

Segundo o documento, “grande parte da Europa sofreu ondas de calor intensas e prolongadas no verão passado; a falta de precipitação, em particular nas regiões do sudoeste durante o inverno, que então se estendeu a grande parte do continente, levou a uma seca generalizada na primavera e no verão”.

“Como resultado, Portugal declarou uma seca severa enquanto partes do rio Pó secaram completamente”, diz o documento.

“Para os rios em geral, foi o ano mais seco já registrado em termos de área afetada, com 63% dos rios com vazão abaixo da média. Lagos e mares também foram afetados, com 73% dos lagos da Europa registrando temperaturas acima da média. Nos mares da Europa, as temperaturas médias da superfície do mar foram as mais quentes já registradas, e o mar Mediterrâneo começou a ficar muito mais quente do que as temperaturas médias em maio, com ondas de calor marinhas recordes durante o verão.”

O relatório do Copernicus cita o Acordo de Paris para lembrar que, a cada cinco anos, os países revisam seu progresso na limitação das emissões de gases de efeito estufa.

“O principal objetivo é conter o aumento da temperatura média global perto da superfície, mantendo-a bem abaixo de 2°C acima dos níveis pré-industriais, e buscar esforços para limitar o aumento a 1,5°C.

O projeto Planeta em Transe é apoiado pela Open Society Foundations.

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